Não entre no blog nem o leia esperando lições de teologia vindas de um teólogo. Não sou teólogo. Estou mais para um maltrapilho, daqueles amados por Aba (se bem que acho que Deus ama todos os maltrapilhos, de alguma forma), cuja insistência por encontrar Deus nas diversidades da vida não se cansa e não se contunde.



Este blog é um lugar pessoal, um lugar exclusivo; não escrevo para nenhum terceiro. Escrevo para Aba e para mim. Minha contradição, minha loucura, por enquanto, que fiquem comigo; e enquanto Aba tiver prazer neste louco maltrapilho, assim quero permanecer.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Evangelizai não com palavras

Ao verem a intrepidez de Pedro e João, sabendo que eram homens iletrados e incultos, admiraram-se; e reconheceram que haviam eles estado com Jesus.
(At 4.13)

A Igreja tem uma missão que muitas vezes é confundida. As pessoas falam muito do “ide” de Jesus, dizendo que devemos ir a toda criatura pregar o evangelho e se esquecem de fazer discípulos. Por que digo essas coisas? Porque a Igreja já está cheia de obstetras. Não há pediatras.
A Igreja ou o Corpo de Cristo precisa de pessoas que cuidem e façam discípulos e não que apenas preguem o evangelho e usem números para contar vantagem e se vangloriar e deixem essas pessoas sob os cuidados dos pastores locais apenas, a mercê da operação do erro, de Satanás e da religião.
Sem dúvida a pregação é importante, mas creio que a pregação do verdadeiro evangelho não consiste apenas em palavras ou dizeres. Só recitar versículos e ensinar as pessoas a repetir suas palavras ou de outrem como papagaios não salvos não adianta.
Argumentos não convencem ninguém. É necessário ter uma vida de piedade. É necessário ter uma vida de relacionamento com o Pai. Cristianismo é mudança de vida, de realidade, de mundo. É saber que nossa pátria não é aqui (Fp 3.20) e que não podemos ter nossas esperanças nesse mundo (1 Co 15.9).
Admiro-me ao ler essa passagem em que as pessoas ao verem a ousadia com que Pedro e João falavam perante o Sinédrio, foram capazes de reconhecer que ambos estiveram com Jesus. E creio que as pessoas, a Criação, hoje, estão na expectativa de olhar para a Igreja de Cristo e ver pessoas que realmente estiveram com Jesus. Ainda que não como os apóstolos que de fato andaram com Jesus no dia-a-dia, mas pessoas que O buscam e caminham com Ele e Sua Palavra diariamente.

Portanto, todos nós, com o rosto descoberto, refletimos como um espelho a Glória do Senhor. Aquela Glória vem do Senhor, que é o Espírito. Ela nos torna parecidos com o Senhor, e assim a nossa glória vai ficando cada vez maior. (2 Co 3.18)

A única maneira das pessoas realmente olharem para nós e verem algo de Jesus em nós é se nós estivermos em contato com Ele. Como espelhos que devemos ser, a refletir Sua Glória e Sua Vida, devemos estar em contato e diante Daquele que iremos refletir.
Max Lucado escreve em seu livro “Isto não é Para Mim” que enquanto mais perto e mais em contato estamos com o Pai, mais nos tornamos ou somos feitos parecidos com Ele. Por isso, refletimos como um espelho a Glória do Senhor, que nos torna parecidos com o Senhor. Será que podemos entender que precisamos estar em contato com Ele para que o mundo, ao clamar pelos filhos de Deus, nos encontre?
Sejamos nós como espelhos mudos, cujas ações valem mais do que palavras e o ser muito mais do que fazer; sejamos nós como espelhos limpos, que buscam uma vida de santidade para com Deus; sejamos nós como espelhos planos, cuja vida revela Jesus por sua irrepreensível diante dos homens; sejamos nós como espelhos iluminados, cujo brilho de Jesus, através de nós, chega a todos os que anseiam por encontrar o Salvador.

Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo,
tanto nos que são salvos como nos que se perdem. (2 Co 2.15)

E por fim, a nossa vida exala um perfume. Esse perfume é o cheiro de Cristo. Nós exalamos esse perfume para com os salvos e para com os que se perdem, ou seja, no meio de todas as pessoas, em qualquer lugar, temos que espalhar o perfume de Cristo.
As pessoas precisam sentir o cheiro de Jesus em nós, sempre. Temos que ter um cheiro diferente, algo diferente; isso tudo é fruto de uma vida de comunhão e relacionamento com Jesus.
O contato com o Filho de Aba, também nos inundará com o Seu cheiro, assim como a Sua vida abundante e a Sua luz que alumia as trevas. Se não tivermos contato com Jesus, com o Pai, por intermédio do Espírito Santo e da Sua Palavra, podemos querer fazer coisas e falar coisas e nada disso será o suficiente. Pregar e evangelizar sem estar em contato com o Pai apenas gera a morte. As pessoas e a Criação precisam de vida, a vida de Jesus que está em nosso cerne, quando nos voltamos para Ele. A vida do Espírito Santo dentro de nós.
Creio ser isso o que os apóstolos entenderam. Não basta apenas ir e pregar, é preciso também fazer discípulos, cuidar, dar apoio, estar junto. Nisso nasce o Corpo. Nisso vive o Corpo. Nisso consiste o Corpo. Teremos apenas obstetras? Ou buscaremos os pediatras de Deus, que cuidam dos pequenos, dos irmãos?
Termino com dois dizeres de São Francisco de Assis:

Por onde quer que forem, preguem, mas se preciso usem palavras.
É, pois uma grande vergonha para nós outros servos de Deus, terem os santos praticados tais obras, e nós querermos receber honra e glória somente por contar e pregar o que eles fizeram.