Ao verem a intrepidez de Pedro e João, sabendo que eram homens iletrados e incultos, admiraram-se; e reconheceram que haviam eles estado com Jesus.
(At 4.13)
(At 4.13)
A Igreja tem uma missão que muitas vezes é confundida. As pessoas falam muito do “ide” de Jesus, dizendo que devemos ir a toda criatura pregar o evangelho e se esquecem de fazer discípulos. Por que digo essas coisas? Porque a Igreja já está cheia de obstetras. Não há pediatras.
A Igreja ou o Corpo de Cristo precisa de pessoas que cuidem e façam discípulos e não que apenas preguem o evangelho e usem números para contar vantagem e se vangloriar e deixem essas pessoas sob os cuidados dos pastores locais apenas, a mercê da operação do erro, de Satanás e da religião.
Sem dúvida a pregação é importante, mas creio que a pregação do verdadeiro evangelho não consiste apenas em palavras ou dizeres. Só recitar versículos e ensinar as pessoas a repetir suas palavras ou de outrem como papagaios não salvos não adianta.
Argumentos não convencem ninguém. É necessário ter uma vida de piedade. É necessário ter uma vida de relacionamento com o Pai. Cristianismo é mudança de vida, de realidade, de mundo. É saber que nossa pátria não é aqui (Fp 3.20) e que não podemos ter nossas esperanças nesse mundo (1 Co 15.9).
Admiro-me ao ler essa passagem em que as pessoas ao verem a ousadia com que Pedro e João falavam perante o Sinédrio, foram capazes de reconhecer que ambos estiveram com Jesus. E creio que as pessoas, a Criação, hoje, estão na expectativa de olhar para a Igreja de Cristo e ver pessoas que realmente estiveram com Jesus. Ainda que não como os apóstolos que de fato andaram com Jesus no dia-a-dia, mas pessoas que O buscam e caminham com Ele e Sua Palavra diariamente.
Portanto, todos nós, com o rosto descoberto, refletimos como um espelho a Glória do Senhor. Aquela Glória vem do Senhor, que é o Espírito. Ela nos torna parecidos com o Senhor, e assim a nossa glória vai ficando cada vez maior. (2 Co 3.18)
A única maneira das pessoas realmente olharem para nós e verem algo de Jesus em nós é se nós estivermos em contato com Ele. Como espelhos que devemos ser, a refletir Sua Glória e Sua Vida, devemos estar em contato e diante Daquele que iremos refletir.
Max Lucado escreve em seu livro “Isto não é Para Mim” que enquanto mais perto e mais em contato estamos com o Pai, mais nos tornamos ou somos feitos parecidos com Ele. Por isso, refletimos como um espelho a Glória do Senhor, que nos torna parecidos com o Senhor. Será que podemos entender que precisamos estar em contato com Ele para que o mundo, ao clamar pelos filhos de Deus, nos encontre?
Sejamos nós como espelhos mudos, cujas ações valem mais do que palavras e o ser muito mais do que fazer; sejamos nós como espelhos limpos, que buscam uma vida de santidade para com Deus; sejamos nós como espelhos planos, cuja vida revela Jesus por sua irrepreensível diante dos homens; sejamos nós como espelhos iluminados, cujo brilho de Jesus, através de nós, chega a todos os que anseiam por encontrar o Salvador.
Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo,
tanto nos que são salvos como nos que se perdem. (2 Co 2.15)
E por fim, a nossa vida exala um perfume. Esse perfume é o cheiro de Cristo. Nós exalamos esse perfume para com os salvos e para com os que se perdem, ou seja, no meio de todas as pessoas, em qualquer lugar, temos que espalhar o perfume de Cristo.
As pessoas precisam sentir o cheiro de Jesus em nós, sempre. Temos que ter um cheiro diferente, algo diferente; isso tudo é fruto de uma vida de comunhão e relacionamento com Jesus.
O contato com o Filho de Aba, também nos inundará com o Seu cheiro, assim como a Sua vida abundante e a Sua luz que alumia as trevas. Se não tivermos contato com Jesus, com o Pai, por intermédio do Espírito Santo e da Sua Palavra, podemos querer fazer coisas e falar coisas e nada disso será o suficiente. Pregar e evangelizar sem estar em contato com o Pai apenas gera a morte. As pessoas e a Criação precisam de vida, a vida de Jesus que está em nosso cerne, quando nos voltamos para Ele. A vida do Espírito Santo dentro de nós.
Creio ser isso o que os apóstolos entenderam. Não basta apenas ir e pregar, é preciso também fazer discípulos, cuidar, dar apoio, estar junto. Nisso nasce o Corpo. Nisso vive o Corpo. Nisso consiste o Corpo. Teremos apenas obstetras? Ou buscaremos os pediatras de Deus, que cuidam dos pequenos, dos irmãos?
Termino com dois dizeres de São Francisco de Assis:
Por onde quer que forem, preguem, mas se preciso usem palavras.
É, pois uma grande vergonha para nós outros servos de Deus, terem os santos praticados tais obras, e nós querermos receber honra e glória somente por contar e pregar o que eles fizeram.