Não entre no blog nem o leia esperando lições de teologia vindas de um teólogo. Não sou teólogo. Estou mais para um maltrapilho, daqueles amados por Aba (se bem que acho que Deus ama todos os maltrapilhos, de alguma forma), cuja insistência por encontrar Deus nas diversidades da vida não se cansa e não se contunde.



Este blog é um lugar pessoal, um lugar exclusivo; não escrevo para nenhum terceiro. Escrevo para Aba e para mim. Minha contradição, minha loucura, por enquanto, que fiquem comigo; e enquanto Aba tiver prazer neste louco maltrapilho, assim quero permanecer.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

É preciso crer e ter expectativa

Ora, Àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o Seu poder que opera em nós, [...] (Ef 3.20)

Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor. (Lm 3.26)

O que nós esperamos em nosso dia-a-dia? Qual é a esperança que temos em nosso viver? Qual é a nossa expectativa? Até onde cremos e esperamos o Senhor nos responder? Às vezes me pego com essas perguntas em meus pensamentos.
Passamos por situações e momentos difíceis, nos quais, se passarmos sem esperar por algo, por uma vitória, um aprendizado ou alguma coisa qualquer, não sei se sobreviveríamos. Você pode achar exagero de minha parte, mas é fato que quando passamos por um momento difícil sem esperar por algo, então somos assolados pelo desânimo e às vezes, pela depressão.
Uma vida sem esperança é triste. Já tive a experiência de estar próximo a alguém em depressão e tanto para a pessoa quanto para quem está perto, é triste. Você ver alguém que você tanto ama sem esperança, sem vontade de viver, apenas chorando e se isolando das pessoas (talvez por medo de decepção) é triste. Você procura conversar com a pessoa e a única coisa que consegue são lágrimas e estas, de tristeza.
Uma vez ouvi de uma querida irmã que nós, como cristãos que somos, “temos que ser fortes”. No mundo nós ouvimos dizer que a esperança é a última que morre e infeliz foi o homem que disse isso; para nós cristãos, como disse essa irmã, “a nossa Esperança nunca morre, pois é Jesus, e Este é Eterno”.
A falta de esperança é como um câncer que devora toda nossa força vital, todo desejo que temos de continuar vivendo, descobrir a vida e encontrar o Senhor. Satanás engana as pessoas dizendo que Deus não é real, que a vida não tem sentido e que não há esperança. Não se deixe enganar, irmão, olhe para Deus.
Perceba que sempre insto as pessoas a olharem para o Senhor. Na verdade, sempre me insto a olhar para o Senhor. Quando nossos olhos estão em Deus, então nossa perspectiva da vida e dos problemas muda. Uma vez vi uma comunidade na internet que dizia que a decepção é só mais um aprendizado – e de fato é, quando nossos olhos estão fixos em Deus.
Como diz Max Lucado, “quando sua perspectiva está em Deus, seu foco está Naquele que vence qualquer tempestade que a vida pode trazer.” Por isso sempre procuro, e me insto para isso, olhar para Deus.

Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra. (Sl 121.1-2)

O salmista olha para os montes e se pergunta de onde poderá vir o seu socorro; é como uma pessoa que olha para os grandes obstáculos da vida, as montanhas difíceis de serem subidas, ultrapassadas. No meio do cansaço, quando o desânimo se aproxima ou Satanás respira o engano no seu ouvido, aí vem a certeza que faz o salmista responder.
Meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra. Meu socorro vem de Deus, o Criador de todas as coisas, o Rei dos reis. O salmista pergunta ao seu próprio coração e ele mesmo responde. Essa é a certeza de quem cujos olhos estão firmes em Deus. Sua perspectiva muda.
Quando nossa visão está em Deus, então podemos dizer que de fato tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus, até as maiores decepções e frustrações. Até o maior fracasso é capaz de nos levar para perto do Pai.
Abraão creu na promessa de que Deus lhe daria um filho. Mas não bastava crer, era preciso ter expectativa. Era preciso esperar que Deus de fato lhe daria um filho. Isso o motivou e isso o fez questionar Deus e ser pessoal com Deus. E o Senhor deu um filho a Abraão.
Essa irmã que apontou dizendo que a Esperança do cristão nunca morre, pois é Jesus, ela venceu o câncer. Embora pareça, mas o que quero mostrar aqui não é confiar em Deus quando se está entre a vida e a morte, enfermo, em estado de depressão. Apenas comentei essas coisas para dar sentido e valor a esperança.
O que realmente quero dizer é que precisamos esperar em Deus e algo de Deus em cada momento de nossas vidas. É preciso crer e ter expectativa. É preciso esperar que Deus efetuará o que Ele colocou em nosso coração e terminará a obra que Ele começou.
Quando a situação não está boa e Satanás sopra o engano e a desesperança, saiba que Deus pode surpreender você, querido. Nesse último carnaval, estive em um acampamento e compartilho aqui que o Senhor me surpreendeu.
Não tinha expectativa alguma a respeito desse encontro ou acampamento. Sempre acreditei que Deus pudesse fazer algo, mas confesso que expectativa alguma se encontrava em meu coração. Talvez pelo que pudesse ser o depois.
Deus me surpreendeu e me encantou mais uma vez com o Seu carinho e amor, com a Sua paciência e insistência em Se mostrar real e amoroso para com as pessoas. Ouvir jovens e adolescentes dizerem que encontraram Deus, é demais para mim. Isso faz a esperança que tenho de ver a Igreja (Ecclesia de Deus) restaurada e gloriosa fumegar dentro de mim.
Elevei os olhos para os céus: Senhor faça alguma coisa, Se mostre real para essas pessoas. Foi uma experiência minha nesse período. E o Senhor respondeu. Ouvi jovens dizerem que nunca pensaram que Deus pudesse falar com eles de tal modo – isso me cativa em Deus. Ver a Presença do Senhor nas coisas simples, nos animais, nas estrelas me cativa mais um pouco.
Irmãos, por um momento não tive expectativa, mas agora digo que é preciso crer e ter expectativa. Não basta crer apenas, é preciso ter expectativa também. Deus pode surpreender você assim como o fez comigo.
Bom é ter esperança no Senhor e aguardar em silêncio (pois Ele é Deus) a Sua salvação!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Nos ombros da Misericórdia

“Mas carregado nos ombros da misericórdia
Eu sou levado até os portões do céu”
(trecho de Em Teus Ombros, música de Juliano Son)

Segundo o Evangelho da Graça, por mais que sejamos disciplinados e cumpridores de nossos deveres para com a Igreja, por mais que venhamos a ler a Bíblia todos os dias e orarmos regularmente, não somos capazes de salvar a nós mesmos. Vivemos iludidos, achando que podemos fazer algo por nós mesmos. E nisso insistimos em nos punir e ficar decepcionados conosco mesmos quando falhamos ou em sentir orgulho e satisfação quando temos sucesso em alguma situação, e até nos parabenizamos por tal feito. Todo esse movimento e esses sentimentos são fruto da busca de nosso ego por uma vida independente de Aba. Parece que não queremos aceitar que precisamos de Deus, que existe algo que não somos capazes de fazer, então inventamos desculpas e fábulas, de forma a satisfazer o nosso “eu”. É assustador a forma como somos capazes de nos vangloriar diante de queda de nosso irmão, julgando-nos melhores do que ele, enquanto cultivamos pecados em nosso secreto. Fazemos sujeira quando estamos sozinhos, e quando alguém se aproxima de nós, para mantermos a aparência, empurramos tudo para debaixo do tapete. Insistimos, com nossas próprias forças, em tentar vencer algumas de nossas lutas pessoais, quando o que Cristo nos pede é apenas para nos achegarmos a Ele e aceitar que Ele retire de nós essas coisas, rasgue o véu de nosso coração, pode os galhos ruins ou arranque pela raiz o que tem nos feito mal. Todas essas coisas e as coisas que você sabe melhor do que qualquer pessoa, os seus pecados cultivados, toda sujeira de seu corpo, só podem ser vencidas por causa de Cristo. Sinto como se o Senhor, muitas vezes, nos permitisse ir, gastar tudo, comer bolotas, cair na lama, para percebermos a nossa necessidade e voltarmos para casa, para os braços de nosso Pai. É preciso reconhecer, antes de qualquer coisa ou vitória, que não depende de nós. Somos necessitados da graça do Senhor. Todos carecemos de Sua Glória.

“Indigno assim: Eu reconheço que
a salvação vem pelo Filho, o Filho de Deus”
(trecho de Em Teus Ombros, música de Juliano Son)

O que quero dizer com tudo isso é o mesmo que Javé insistia com o povo de Israel: “[...] com grandes misericórdias, torno a acolher-te.” É sempre por causa da misericórdia do Senhor, nunca por causa de algo que fizemos. Isso está incluso no pacote da graça, não ganhamos algo de Deus porque fizemos algo para isso, mas é por graça, é por causa da misericórdia de Deus. Se ganharmos algo porque merecemos ou fizemos algo para isso, então não é graça. O trabalhador é digno do seu alimento, disse Jesus; e Paulo cita: o trabalhador é digno do seu salário (Mt 10.10 e 1 Tm 5.18). A graça de Deus é justamente quando não merecemos e a Sua misericórdia justamente quando encaramos a realidade de que nós deveríamos ir para o inferno; afinal, a única coisa que merecemos é isso. Se depender de nós, não conseguimos. Essa é a realidade. Embora o querer fazer o bem esteja em nós, o efetuá-lo não está. “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo.” (Rm 7.18) Aí é que entra a força da declaração seguinte, feita também, por Paulo: “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor.” (Rm 7.25) Caminhamos nos ombros da misericórdia, porque o que faz a diferença em nossas vidas são a morte e ressurreição do Filho de Deus. A graça vai mais além. O ser humano não quer; ele não consegue ter uma vida com Deus. Mas Deus não desiste de nós. A graça é quando ninguém quer, mas só Deus quer (Alessandro Calejon). E isso é o que faz a diferença.

“Graça que eu não compreendo, mas que bem sei,
sei que preciso. Leva-me pelas mãos”
(trecho de Em Teus Ombros, música de Juliano Son)