Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. (Gl 5.13)
Como sabeis irmãos, a vida cristã traz a nós inúmeras responsabilidades. Nenhuma destas nos é outorgada e nada que fazemos, fazemos por nós mesmos. Tudo o que fazemos, deve ser feito para Cristo (1 Co 10.31). Creio que é justamente por isso que João é capaz de nos dizer que os mandamentos do Senhor não são pesados (1 Jo 5.3).
Uma das responsabilidades de um cristão, penso ser o amor fraternal. Mas antes, permita-me lhe dar uma definição do que é fraternal: fraternal é a referência dada à afeição existente em uma família, entre irmãos. Amor fraternal é justamente essa afeição amorosa que rodeia as pessoas de uma mesma família, os irmãos. Mas, neste texto, a família a qual quero me referir é a família cristã, ou de Cristo.
Por inúmeras vezes, nas Escrituras, somos instruídos pelos apóstolos a prática do amor fraternal. O nosso Senhor Cristo, também nos dá tal ordem.
Na carta aos irmãos da Igreja de Filipos, o apóstolo Paulo exorta: Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros (Fp 2.3-4). Veja bem meu irmão que o apóstolo não dá liberdade ou, não exorta ninguém a cuidar da vida do irmão; o que ele nos diz é para considerarmos o irmão e servirmos ao invés de querermos que as coisas sejam ou aconteçam da nossa maneira.
O princípio do amor fraternal ou o considerar o irmão é a humildade. Veja bem que no Sermão do Monte, a primeira coisa que Jesus nos diz é “bem-aventurados os humildes de espírito...” (Mt 5.3). Este é o ponto. É o que Cristo nos ensinou (Jo 13.12-15) e é o que Paulo continua e afirma:
Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois Ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a Si mesmo Se esvaziou, assumindo a forma de Servo, tornando-Se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a Si mesmo Se humilhou, tornando-se obediente até e à morte e morte de Cruz. [...] (Fp 2.5-8)
Precisamos buscar essa humildade, irmãos, de forma que venhamos a compreender e a viver o considerar ao irmão acima de nós. Por que digo acima? Somente para contraria a idéia ou a visão de que você está acima ou eu estou acima. Ninguém está acima, senão Aquele cujo nome foi e está exaltado pelo Pai (Fp 2.6-11) e este, antes, considerou o outro (nós).
O apóstolo João também nos instrui:
[...] Esse mandamento antigo é a Palavra que ouvistes. Todavia, vos escrevo novo mandamento, aquilo que é verdadeiro Nele e em vós, porque as trevas se vão dissipando, e a verdadeira luz já brilha. Aquele que diz estar na luz e odeia a seu irmão, até agora, está nas trevas. Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele não há nenhum tropeço. [...] (1 Jo 2.7b-10)
Por que ele nos diz que se odiamos ao nosso irmão, na verdade, ainda estamos nas trevas? O próprio apóstolo João nos explica no capítulo quatro que devemos amar uns aos outros porque o amor procede de Deus. Quem ama é nascido de Deus e O conhece (Jo 4.7). Agora irmão, se Deus nos amou da mesma maneira que a Seu Filho, devemos nós amar uns aos outros (Jo 3.16; 1 Jo 4.09-11).
Irmão, nós só podemos amar os outros por causa desse amor. Nós só somos capazes de amar os outros porque Ele nos amou primeiro. Veja que João, em 1 Jo 4.19, não se utiliza do artigo “o”. Pois ele não está se referindo a Jesus exclusivamente. Ele se refere aos irmãos, como o próprio contexto do texto nos mostra.
Se amamos aos irmãos amamos a Deus. Se amamos a Deus amamos os irmãos (1 Jo 5.1-2).
E este mandamento dito por João, antes, nos fora dado por Cristo:
Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros (Jo 13.34-35)
Jesus afirma que seus discípulos serão conhecidos pelo amor. O amor vivido por Cristo é raro hoje em dia. As pessoas amam por interesse, amam esperando ser amadas. Nós vivemos assim. Sem dúvida alguma esse amor surpreenderá Satanás e o mundo.
Precisamos nos atentar para essas coisas meus irmãos, porque, em Cristo, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor (Gl 5.6). Essa fé que atua pelo amor, sim, tem valor; e tem mais valor do que qualquer cargo, título ou palavra. Essa fé é justamente atitudes que temos para com o outro e cujo motor (ou motivação) é o amor. O mesmo amor que as pessoas verão nos discípulos de Cristo; mesmo amor com o qual somos chamados a ir até as pessoas; o mesmo amor que o mundo carece.
Por isso a nossa liberdade é limitada. E digo que ela é limitada pelo amor. Pelo amor fraternal. Tornamos-nos servos, pelo amor. Consideramos o outro pelo amor. Humilhamos-nos pelo amor. Paramos de falar do outro pelo amor. Interrompemos as disputas pelo amor. Fazemos discípulos de todas as nações pelo amor. Tudo pelo amor.
Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Se, vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos. (Gl 5.14-15)