Não entre no blog nem o leia esperando lições de teologia vindas de um teólogo. Não sou teólogo. Estou mais para um maltrapilho, daqueles amados por Aba (se bem que acho que Deus ama todos os maltrapilhos, de alguma forma), cuja insistência por encontrar Deus nas diversidades da vida não se cansa e não se contunde.



Este blog é um lugar pessoal, um lugar exclusivo; não escrevo para nenhum terceiro. Escrevo para Aba e para mim. Minha contradição, minha loucura, por enquanto, que fiquem comigo; e enquanto Aba tiver prazer neste louco maltrapilho, assim quero permanecer.

domingo, 17 de maio de 2009

Amor fraternal puro e simples

Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. (Gl 5.13)

Como sabeis irmãos, a vida cristã traz a nós inúmeras responsabilidades. Nenhuma destas nos é outorgada e nada que fazemos, fazemos por nós mesmos. Tudo o que fazemos, deve ser feito para Cristo (1 Co 10.31). Creio que é justamente por isso que João é capaz de nos dizer que os mandamentos do Senhor não são pesados (1 Jo 5.3).
Uma das responsabilidades de um cristão, penso ser o amor fraternal. Mas antes, permita-me lhe dar uma definição do que é fraternal: fraternal é a referência dada à afeição existente em uma família, entre irmãos. Amor fraternal é justamente essa afeição amorosa que rodeia as pessoas de uma mesma família, os irmãos. Mas, neste texto, a família a qual quero me referir é a família cristã, ou de Cristo.
Por inúmeras vezes, nas Escrituras, somos instruídos pelos apóstolos a prática do amor fraternal. O nosso Senhor Cristo, também nos dá tal ordem.
Na carta aos irmãos da Igreja de Filipos, o apóstolo Paulo exorta: Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão também cada qual o que é dos outros (Fp 2.3-4). Veja bem meu irmão que o apóstolo não dá liberdade ou, não exorta ninguém a cuidar da vida do irmão; o que ele nos diz é para considerarmos o irmão e servirmos ao invés de querermos que as coisas sejam ou aconteçam da nossa maneira.
O princípio do amor fraternal ou o considerar o irmão é a humildade. Veja bem que no Sermão do Monte, a primeira coisa que Jesus nos diz é “bem-aventurados os humildes de espírito...” (Mt 5.3). Este é o ponto. É o que Cristo nos ensinou (Jo 13.12-15) e é o que Paulo continua e afirma:

Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois Ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a Si mesmo Se esvaziou, assumindo a forma de Servo, tornando-Se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a Si mesmo Se humilhou, tornando-se obediente até e à morte e morte de Cruz. [...] (Fp 2.5-8)

Precisamos buscar essa humildade, irmãos, de forma que venhamos a compreender e a viver o considerar ao irmão acima de nós. Por que digo acima? Somente para contraria a idéia ou a visão de que você está acima ou eu estou acima. Ninguém está acima, senão Aquele cujo nome foi e está exaltado pelo Pai (Fp 2.6-11) e este, antes, considerou o outro (nós).
O apóstolo João também nos instrui:

[...] Esse mandamento antigo é a Palavra que ouvistes. Todavia, vos escrevo novo mandamento, aquilo que é verdadeiro Nele e em vós, porque as trevas se vão dissipando, e a verdadeira luz já brilha. Aquele que diz estar na luz e odeia a seu irmão, até agora, está nas trevas. Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele não há nenhum tropeço. [...] (1 Jo 2.7b-10)

Por que ele nos diz que se odiamos ao nosso irmão, na verdade, ainda estamos nas trevas? O próprio apóstolo João nos explica no capítulo quatro que devemos amar uns aos outros porque o amor procede de Deus. Quem ama é nascido de Deus e O conhece (Jo 4.7). Agora irmão, se Deus nos amou da mesma maneira que a Seu Filho, devemos nós amar uns aos outros (Jo 3.16; 1 Jo 4.09-11).
Irmão, nós só podemos amar os outros por causa desse amor. Nós só somos capazes de amar os outros porque Ele nos amou primeiro. Veja que João, em 1 Jo 4.19, não se utiliza do artigo “o”. Pois ele não está se referindo a Jesus exclusivamente. Ele se refere aos irmãos, como o próprio contexto do texto nos mostra.
Se amamos aos irmãos amamos a Deus. Se amamos a Deus amamos os irmãos (1 Jo 5.1-2).
E este mandamento dito por João, antes, nos fora dado por Cristo:

Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros (Jo 13.34-35)

Jesus afirma que seus discípulos serão conhecidos pelo amor. O amor vivido por Cristo é raro hoje em dia. As pessoas amam por interesse, amam esperando ser amadas. Nós vivemos assim. Sem dúvida alguma esse amor surpreenderá Satanás e o mundo.
Precisamos nos atentar para essas coisas meus irmãos, porque, em Cristo, nem a circuncisão, nem a incircuncisão têm valor algum, mas a fé que atua pelo amor (Gl 5.6). Essa fé que atua pelo amor, sim, tem valor; e tem mais valor do que qualquer cargo, título ou palavra. Essa fé é justamente atitudes que temos para com o outro e cujo motor (ou motivação) é o amor. O mesmo amor que as pessoas verão nos discípulos de Cristo; mesmo amor com o qual somos chamados a ir até as pessoas; o mesmo amor que o mundo carece.
Por isso a nossa liberdade é limitada. E digo que ela é limitada pelo amor. Pelo amor fraternal. Tornamos-nos servos, pelo amor. Consideramos o outro pelo amor. Humilhamos-nos pelo amor. Paramos de falar do outro pelo amor. Interrompemos as disputas pelo amor. Fazemos discípulos de todas as nações pelo amor. Tudo pelo amor.

Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Se, vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede que não sejais mutuamente destruídos. (Gl 5.14-15)

domingo, 3 de maio de 2009

Chamados a uma vida de piedade

Querido irmão, antes de tudo quero esclarecer o sentido com o qual utilizarei a expressão piedade. Quando me refiro à piedade, quero dizer o mesmo que Errol Hulse:

Piedade é uma constante cultura da vida interior de santidade diante de Deus e para Deus, que por sua vez se aplica em todas as outras esferas da vida e da prática. Piedade consiste de oração junto ao trono de Deus, estudo de Sua Palavra em Sua Presença e a manutenção de Deus em nossas almas, que afeta toda a nossa maneira de viver. (Errol Hulse. Op. Cit. 1986: pág. 65)

Quero apresentar alguns aspectos da vida de piedade. Primeiramente quero dizer que piedade tem a ver com uma vida diária diante de Deus, uma prática diária de se entregar ao Senhor em oração e leitura da Palavra. A verdadeira religião trata-se de uma vida de piedade, como Lutero afirmou: “A religião não é o ‘conhecimento doutrinário’, mas sim sabedoria nascida da experiência pessoal.”
Essa experiência pessoal não é aquela que vivemos apenas aos finais de semana, quando vamos aos cultos, as missas, a igreja; mas é uma experiência pessoal que é vivida ou obtida nos nossos momentos de intimidade com Abba, fruto das horas semanais em que passamos conversando com Aquele que sempre sonhou em ter comunhão com a humanidade.
Somos todos chamados a viver uma vida de piedade. Mas como vivemos essa vida? Como escrevi acima, é uma prática diária, é fruto de uma vida de experiência pessoal de comunhão com o Senhor. A cada dia de sua semana, você vive uma busca implacável por Abba e Sua Palavra. Em outras palavras, vivemos uma vida de piedade nos dirigindo a prática de oração diante de Deus, de leitura, estudo e meditação de Sua Palavra e uma comunhão diária com o Senhor, de forma que Ele venha a transformar a nossa maneira de viver.
Uma vida de piedade é vivida em oração em secreto e isso deve guiá-lo diariamente; é uma vida de santidade diante de Abba, com coração entregue. Você entra em seu quarto, diante de Deus em seu altar pessoal e em oração você ganha poder para viver uma vida de santidade e também para levar essa vida às outras pessoas, ao Corpo de Cristo ou ao mundo. E. M. Bounds diz que “uma vida santa não é vivida em secreto, mas ela não subsistirá sem oração em secreto.” (E. M. Bounds. “Purpose in Prayer.”)
A prática da oração ou momentos de conversa com Abba deveria ser prioridade na vida de todo cristão, deveria ser aquilo para o qual ele (o cristão) mais se dedica. Oração é o ponto de partida de qualquer pessoa que queira se relacionar e ter comunhão com Deus; e como Davi, a oração deveria ser as primícias do nosso dia-a-dia dadas ao Senhor: “De manhã, Senhor, ouves a minha voz; de manhã Te apresento a minha oração e fico esperando.” (Sl 5.3)
Outra prática ou busca que faz parte dessa vida de piedade é a leitura, meditação ou estudo da Palavra de Deus. Deveríamos nos colocar diariamente, diante da Presença de Abba e lermos a Sua Palavra, permitindo que Ele fale ao nosso coração. A Bíblia nos mostra o sonho de Deus, a Sua história de amor com Seu povo e a humanidade; a Palavra escrita é o assunto de Deus, é o interesse Dele. Se quisermos ter comunhão com Ele, precisamos ter prazer naquilo que é de Seu interesse.
Haroldo Walker nos lembra que na eternidade não terá outra coisa se não o que interessa a Deus. Como poderemos ir e estar com Ele na eternidade se não gostamos do Seu assunto, do Seu interesse?
A Palavra do Senhor ou o Seu mandamento é ilimitado (Sl 119.96) e para o salmista era aquilo que iluminava os seus pés e os seus caminhos (Sl 119.105). O salmista sabia se colocar diante da Presença de Deus pedindo que o Senhor não lhe permitisse fugir de Seus mandamentos (Sl 119.10); ele sabia que para não pecar contra Deus era preciso guardar as Suas palavras em seu coração (Sl 119.11).
Enfim, a vida de piedade diante de Deus é capaz de mudar toda nossa maneira de viver, todas as nossas práticas e pensamentos. Toda a nossa mente é renovada diante da Presença do Senhor, quando nos colocamos em oração, busca pela Sua Presença e meditação da Sua Palavra.
Não tem como nos colocarmos diante do Senhor e permitirmo-nos ser envolvidos pela Sua Palavra e Sua Vida e continuarmos a viver e a caminhar da mesma maneira. Jesus Cristo é a Palavra de Deus (é o Verbo encarnado – Jo 1.1-2 e 14) e a imagem do Deus invisível (Cl 1.15). Todas as pessoas que tiveram contato direto com Cristo, de forma inevitável, tiveram as suas vidas transformadas e este é o maior milagre do Filho.
Ao vivermos essa vida, iremos querer que os outros vivam de igual forma; e, saiba, poderemos ir até eles, e com a graça de Deus, derramar da Sua vida aos que estão sedentos e em busca de Alguém que eles não conhecem. Em nós, eles conhecerão o amor e a compaixão do Filho.
Quando vivemos uma vida de piedade, diante de Deus, iremos transmiti-la aos outros. Não tem como reter essa vida dentro de nós ou em um mundo só nosso.
A vida de piedade é boa e aceitável diante de Deus, nosso Salvador (1 Tm 2.1-3). A piedade para tudo é proveitosa (1 Tm 4.7-9). A piedade com contentamento é grande fonte de lucro quando temos consciência de que não levaremos nada desse mundo (1 Tm 6.6-7). A piedade é algo a ser seguido (1 Tm 6.11). E por fim, é uma bem-aventurança (2 Tm 3.13 e Mt 5.10).
Coloque-se você também, meu irmão, diante de Deus em oração, leitura da Sua Palavra e permita-O transformar a sua vida. Você não se arrependerá.
Busque essa vida, meu irmão!