Não entre no blog nem o leia esperando lições de teologia vindas de um teólogo. Não sou teólogo. Estou mais para um maltrapilho, daqueles amados por Aba (se bem que acho que Deus ama todos os maltrapilhos, de alguma forma), cuja insistência por encontrar Deus nas diversidades da vida não se cansa e não se contunde.



Este blog é um lugar pessoal, um lugar exclusivo; não escrevo para nenhum terceiro. Escrevo para Aba e para mim. Minha contradição, minha loucura, por enquanto, que fiquem comigo; e enquanto Aba tiver prazer neste louco maltrapilho, assim quero permanecer.

domingo, 9 de maio de 2010

O Éden sem religião


Também disse Deus: Façamos o homem à Nossa imagem, conforme a Nossa semelhança; (Gn 1.26)

Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia [...] (Gn 3.8a)

O homem, no jardim do Éden andava literalmente com Deus. As experiências de caminhar com Deus, conversar com Deus, saber Sua vontade e encontros pessoais com o Criador eram mais reais do que nunca. A voz do Criador era audível em cada encontro e Sua Presença tão notória quanto a Sua criação.
Não havia nada que pudesse impedir o homem de se relacionar com o Criador. Não havia nada que pudesse se interpor entre o homem e Deus. Nenhuma barreira. Nenhum pecado, até então. O princípio do plano de Deus para o homem era a vida eterna e a vida eterna consiste em conhecer a Elohim. O princípio do plano de Deus para o homem sempre foi comunhão.
Imagine o Criador caminhando junto com o ser humano criado à Sua própria imagem, conforme a Sua semelhança (Gn 1.26). Imagine que o versículo oito, primeira parte do versículo, do capítulo três de Gênesis fosse uma realidade diária. Como se Deus, todos os dias fosse ao encontro do homem para Se relacionar. Não havia nada que pudesse impedir esse contato de Deus com o homem.
Não havia nada que fosse capaz de impedir essa comunhão de Deus com o homem e do homem com Deus. Nada que se colocasse no meio dos dois. Não havia pecado para atrapalhar e não havia religião para atrapalhar. Era tudo tão simples.
Deus fala para Adão (esse é o nome do primeiro homem) dar nome aos animais (Gn 2.19ª). E é isso que Adão faz. Ele não pergunta a Deus qual nome ele deveria dar aos animais, mas ele apenas o faz. Isso nos mostra a harmonia existente entre a vontade do homem e a de Deus. Isso expressa comunhão – mesma vontade.
O primeiro homem, não recebe lista alguma com relação de que nome deveria dar para cada animal. Tão pouco vemos Deus renomeando os animais. Creio que se o próprio Criador fosse dar nome para os animais, faria exatamente como Adão o fez. Como disse, isso nos mostra a harmonia que havia entre a vontade do homem e a de Deus.
Havia comunhão entre Deus e o homem, no Éden. Isso é claramente percebido. E essa comunhão era simples, sem rodeios, sem religião. Adão não precisava entoar cânticos para atrair a Presença de Deus nem fazer uma oração. Não havia rituais, não havia medo. Não havia motivo para ter medo de Deus. Tudo o que havia era comunhão.
Comunhão era tudo o que o homem tinha no Éden. Não que o alimento que Deus proveu não era nada. Os animais, o sol, as plantas, tudo era importante. Mas nada era tão importante quanto Deus; quanto se relacionar com Deus. Não havia necessidade alguma que pudesse deixar o coração de Adão ansioso, preocupado. Imagino paz, pura.
Que preocupação haveria de passar pelo coração de Adão? Alimento? Havia por toda parte; onde seus olhos fitassem, ali ele encontrava alimento. Roupa? Ele não sabia o que era isso. A única coisa que poderia deixar Adão ansioso, era a espera pelo momento do Senhor vir para Se relacionarem.
Não era preciso ritual, canções, orações. Nada. Apenas esperar. Deus, por Ele mesmo, vinha toda viração do dia para Se encontrar com Adão. Cada encontro devia ser mais incrível que o outro. Ouvir Deus, falar com Ele. Simplesmente estar com Ele. E a cada encontro, Adão devia conhecer um pouco mais de Deus. Imagino o quanto incrível deveria ser cada encontro. Não havia buscas frustrantes por encontrá-lO ou orações aparentemente não respondidas.
E o jardim? Esse foi o lugar escolhido para os encontros. Tudo o que ali existia, havia sido feito para Adão. Era sua responsabilidade cuidar de tudo o que Deus havia criado. Não imagino Adão com medo de suas responsabilidades, de seu sustento, de suas decisões, seus atos. Deus estava com Ele todo dia. Não imagino a dúvida nem crises se passando pela mente e pelo coração de Adão. Não havia religião no jardim.
Mesmo sem nunca ter feito uma oração, Adão sabia o que fazer. Ele sabia como cuidar de cada coisa, como lidar com cada criatura. Ele sabia cuidar de cada coisa porque o Senhor sempre estava ensinando-o. Como disse, não havia religião no jardim. Apenas havia comunhão.
Você não sente nenhuma saudade ao pensar nessas coisas? Nós fomos feitos para isso. E imaginar isso e pensar nessa comunhão e acreditar que terei isso e ainda mais que isso, novamente, faz meu coração palpitar mais forte e se encher de esperança. Às vezes sou capaz de sentir as brisas da eternidade.
Não fomos feitos para esse mundo nem para essa realidade. Não espere satisfação numa terra sem Deus. Não espere alegria, prosperidade. As pessoas, às vezes, questionam sobre seus sofrimentos, suas perdas, suas necessidades ou falta de dinheiro e felicidade. Não é para você ficar satisfeito aqui. Tenho certeza que Deus não quer correr risco algum de você trocar toda a eternidade com Ele por coisas passageiras dessa terra, dessa vida.
O propósito de Deus é comunhão. Sempre foi. E no Éden, isso era real, era vívido. Sinta saudade disso. Queira isso. Busque isso. Comunhão não tem nada a ver com religião, pelo contrário, a comunhão é o fim da religião. É quando o artificial acaba e o real começa. Sinta saudade de Deus, sinta saudade dessa comunhão.

*Baseado nos escritos do livreto intitulado "Aqui e Agora! - Vivendo a Vida Ungida de Jesus uns com os Outros", do ministério Todos Aos Seus Pés.