Não entre no blog nem o leia esperando lições de teologia vindas de um teólogo. Não sou teólogo. Estou mais para um maltrapilho, daqueles amados por Aba (se bem que acho que Deus ama todos os maltrapilhos, de alguma forma), cuja insistência por encontrar Deus nas diversidades da vida não se cansa e não se contunde.



Este blog é um lugar pessoal, um lugar exclusivo; não escrevo para nenhum terceiro. Escrevo para Aba e para mim. Minha contradição, minha loucura, por enquanto, que fiquem comigo; e enquanto Aba tiver prazer neste louco maltrapilho, assim quero permanecer.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Anatomia da Queda

E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás. (Gn 2.16-17)

[...] tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu. (Gn 3.6b)

Todos nós conhecemos bem a respeito do que aconteceu no jardim do Éden. Todos nós sabemos bem a respeito da tragédia que sobreveio a humanidade com a queda do homem no jardim do Éden: a perda da comunhão com Deus e da vida eterna e a expulsão do jardim. Deixe-me falar um pouco a respeito.
A comunhão de Adão com o Criador era extraordinária. Não era preciso métodos para chamar a atenção de Deus nem invocá-lo. Deus simplesmente aparecia e Se relacionava com Adão. A vontade de Deus em Adão fluía. Não era preciso que Adão ficasse perguntando para Deus o que o Ele desejava, porque o que Adão fazia e a forma como cuidava do jardim era o que Deus desejava. Os nomes que foram dados aos animais é o maior exemplo disso. Deus não ficou avaliando os nomes que Adão dera aos animais nem mudou nome algum. O que Adão falara era o que queria.
Essa comunhão foi interrompida com a desobediência e queda do homem. Creio que isso não “pegou” Deus de surpresa, como se o Senhor já estivesse pronto para isso. Segundo Gordon Lindsay, autor de “Satanás e o reino das trevas”, Deus não revelara de imediato a localização da Árvore da Vida (veja as perspectivas diferentes de Deus e do homem – Gn 2.9b e Gn 3.2-3). Parece que Deus queria ver o homem rejeitar a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal antes de lhe oferecer da Árvore da Vida.
O jardim era perfeito. A comunhão com Deus era extraordinária. Todos os dias eles podiam aprender do Criador e conhecê-lO um pouco mais. Como Adão e Eva puderam trocar tudo isso pelo conhecimento do bem e do mal? Como puderam ser tão tolos? Como puderam se deixar enganar pela serpente? Vejamos o que a narrativa bíblica nos mostra:

Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o Senhor Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comerei de toda árvore do jardim?

Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais.

Então a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal.
Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu. (Gn 3.2-6)

Como a serpente foi capaz de enganar Eva? Que isca ela usara para enganar o primeiro casal? A isca que a serpente usou foi uma perspectiva de uma existência independente de Deus e uma vida sem a necessidade constante de Deus. Foi a idéia de que o fruto lhes daria o conhecimento do bem e do mal e a chance de uma vida em que eles pudessem decidir e saber as coisas, independente de Deus.
A serpente os enganou. Ela usou a independência como isca para o primeiro casal e foi exatamente isso que eles conseguiram. A única coisa que a serpente não revelara era que para ter uma vida de independência de Deus, eles teriam que viver longe de Deus. O lado assustador da independência foi omitido pela serpente.
A ilusão da serpente apresentou a independência da forma que ela não é. De acordo com ela (a serpente), a proposta era de algo interessante e inteligente. Mas, sendo incapaz de dizer a verdade (Jo 8.44), ela omitiu algo crucial: “a independência sempre exige separação” (Ministério Todos Aos Seus Pés).
A vida de independência não foi uma boa conquista. Depois de um tempo sozinho e tomando decisões por eles mesmos, independente de Deus, veio o primeiro assassinato (Gn 4.8). Não demorou muito para que toda a humanidade, sujeitada ou não a essa vida de independência, viesse a se encontrar corrompida, com exceção de um homem: Noé (Gn 6.5 e 8-9).
A queda do primeiro casal trouxe conseqüências ruins para toda a humanidade. A desobediência trouxe a eles um mundo caído e amaldiçoado com trabalho duro, dores de parto para a mulher, relacionamentos difíceis e no final de tudo, a morte (Gn 3.16-19). A pior conseqüência foi a quebra da comunhão que eles tinham com Deus. Uma comunhão livre de qualquer afazer religioso, qualquer sacrifício. Deus simplesmente aparecia. A vontade de Deus, como dito no início, simplesmente fluía. Agora tudo chegara ao fim.
Deus desejava (e deseja) a comunhão eterna com o ser humano que Ele criou. Mas essa comunhão foi trocada por uma vida sujeita a dor, sofrimento e fim (a morte). Com o passar do tempo a religião veio fazer parte da história da humanidade e ela expressa a tentativa do homem de se esconder de Deus. Mais para frente, falaremos a respeito da religião. Mas, a questão é, definitivamente, não foi um bom negócio.

*Baseado nos escritos do livreto intitulado "Aqui e Agora! - Vivendo a Vida Ungida de Jesus uns com os Outros", do ministério Todos Aos Seus Pés.

sábado, 24 de julho de 2010

Move-me para perto de Ti


Vinde, e tornemos para o Senhor, porque Ele nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida e a ligará. Depois de dois dias, nos revigorará; ao terceiro dia, nos levantará, e viveremos diante Dele. (Os 6.1-2)

Podemos descobrir nas Escrituras que João, o discípulo amado, se reclinara no peito de Jesus durante a Ceia. E me apegando a isso percebo que, talvez, não tivesse pessoa mais próxima de Cristo do que ele, o discípulo amado. Seu coração foi movido para perto de Cristo e agora ele estava cativado por Jesus.
Existe um lugar perto de Deus onde Ele nos quer levar. Sinto o Espírito de Deus ansiando por levar pessoas a esse lugar, o qual muitas vezes não é facilmente achado. Muitas vezes o caminho é dolorido, estreito e para passar e chegar lá há alguns arranhões. Mas não é nada que nos afaste de Deus.
Na história do povo de Deus, em um momento o Senhor levantou um profeta para expressar algo que estava no coração de Javé: “Com amor eterno Eu te amei; por isso, com benignidade, te atraí” (Jr 31.3). Saiba que Deus sente está tentando nos atrair para Si mesmo, para perto Dele.
Deus amou a humanidade e a Criação ao ponto de dar de Si mesmo, de dar o Seu único Filho para que aqueles que o recebessem e Nele cressem não perecessem, mas pudessem viver com Ele a vida eterna (Jo 3.16). E Cristo, amando a Igreja, de igual forma a amou até o fim. Ele amou os Seus até o fim.
Cristo morreu e ressuscitou para que nós pudéssemos estar perto de Deus mais uma vez, como o era no jardim. O homem vivia em comunhão, livremente, no jardim. Todos os dias eram dias de relacionamento com Deus. Não tinha nada que impedisse. Não tinha nada que afastasse o homem de Deus.
Quando o pecado apareceu e detonou com toda essa liberdade e santidade, Deus não deixou barato e proveu a solução. Desde a eternidade Deus proveu a solução. Ele deu o Seu Filho, que fez o que era necessário para a restauração. Você ainda duvida que Deus sempre tem tentado estar perto do homem e o ter perto de Si?
Ele fez isso com o Seu povo durante toda história. Tratou o Seu povo como filhos e Ele, sendo Pai, corrigia-os por amor. “É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?” (Hb 12.7) e ainda “[...] porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe.” (Hb 12.6).
Deus trata o Seu povo como filhos, Ele nos trata como filhos. Muitas vezes precisa da dor para entender o que Ele quer. Muitas vezes precisa da dor para que nós caminhemos em direção a Ele. Deus nos move para perto de Si, muitas vezes através das perdas, da dor, do sofrimento. Por que tantas vezes as coisas são tão difíceis? Parece que não seremos felizes aqui? Nesses momentos sinto como se Deus não quisesse arriscar nos dar benção e felicidade aqui nessa terra para que nós não trocássemos uma eternidade com Ele por causa daqui.
Deus sempre tentou estar o mais perto do ser humano que Ele criara. Podemos ver na história de Deus com a humanidade. Depois do pecado Deus se tornará distante. Sua santidade pode consumir o pecador e por isso Deus não podia estar mais perto do homem, como no jardim. Homens se referiam a Deus como Deus Altíssimo, distante da humanidade.
Depois, o Deus Altíssimo passou a andar e viver entre os homens em Cristo Jesus. Deus queria estar perto da humanidade e Cristo nos mostra Deus entre os homens. Mas a busca de Deus por estar perto dos seus filhos não parou por aí. Cristo morreu e ao terceiro dia ressuscitou. Era preciso que Cristo viesse para abrir o caminho até Deus para o homem e resolver o problema do pecado para que Deus pudesse estar perto do homem, livremente, novamente. Cristo ascendeu aos céus e enviou o Espírito Santo, o Consolador.
A partir desse momento, Deus não estava mais andando entre os homens, em Cristo Jesus, mas morando dentro do homem. Agora o coração do homem passara a ser Sua morada, como se fosse Seu lugar predileto.
Não sei se você consegue perceber, mas a história do povo de Deus mostra um Deus cheio de compaixão, com anseio furioso por estar perto da humanidade. O Senhor fez de tudo para que o homem pudesse voltar a encontrar lugar Nele e fez de tudo para que Ele pudesse se aproximar do ser humano.
Quando me referi a dor e as perdas, pensei no Deus que tenta nos mover, sempre, para perto de Si. Às vezes precisamos perder coisas, perder aquilo que pode nos afastar de Sua Presença, aquilo que pode nos levar ao pecado, para sermos levados ou movidos até Ele.
O pecado não é o problema, pois Cristo já resolveu isso. O problema é o quão longe o pecado nos faz ir de Deus, pois o voltar para perto nem sempre é fácil. Temos o perdão do pecado que cometemos, confessamos e nos arrependemos, mas o caminho de volta a Sua Presença, por mais que esteja aberto, nem sempre é fácil de caminharmos nele.
Conheço a história de um casal de jovens, que namoravam. O desejo pelo pecado encontrou lugar no relacionamento deles, que aparentemente era o mais correto de todos. Quando os desejos começaram a aflorar e a coisa começou a ficar fora do controle, eles pararam por ali. Acharam melhor a separação deles e conseqüentemente do pecado, do que de Deus.
Que passo de fé esse casal tomou quando preferiu estar longe um do outro e perder o que para eles trazia alegria, para estar perto de Deus e voltar a uma vida com Ele. É como eu disse, às vezes Deus nos deixa perder coisas, pois Ele quer nos ter por perto; e com esse exemplo, percebi que Deus sempre está cuidando de nós, insistindo conosco e nos movendo para perto Dele!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Remir o tempo

Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio. (Sl 90.12)

Quero compartilhar algo que venho aprendendo do Senhor desde o dia 21 de fevereiro de 2010. Foi um dos dias mais difíceis de minha vida pessoal e com Deus, mas em meio a tudo isso eu pude perceber o Senhor, como Quem estava virando o amplificador, querendo falar comigo e me ensinar algumas coisas.
E remir o tempo é uma das coisas que venho aprendendo desde então. Quando nós nos deparamos com um relacionamento com Deus fragilizado, machucado, e com uma pessoa (a desse relacionamento) querendo que isso mude e que esse relacionamento se restaure, não podemos esquecer que para isso é necessário remir o tempo.
Uma das grandes armas de Satanás para anular os cristãos são as preocupações e obrigações do dia-a-dia. São coisas que tomam tanto do nosso tempo que nos esquecemos de Deus, de dar tempo para Ele, dar espaço para Ele e acabamos nos afastando do Senhor. Por isso é uma grande arma de Satanás encher os cristãos de preocupações e ocupações.
O cristão, afastado de Deus, se torna presa fácil para os sofismas e enganos de Satanás. Facilmente esse cristão aceitará o pensamento de que é possível viver sem ficar “dando satisfações” para Deus e isso é um perigo. A religião soa parecido quando se trata de vivermos de forma independente de Deus e ao mesmo tempo tentar conter Sua ira com atos litúrgicos e religiosos, o que lhe garanto, não funciona.
Sansão era nazireu, separado para Deus desde o nascimento. O nazireu não podia beber vinho e nenhuma bebida forte, não podia comer nada que provesse da vinha; enquanto não se cumprir o dia do seu nazireado, ele não poderá rapar a cabeça; e ele não podia tocar em morto ou nada semelhante. Tinha que ficar longe do que era impuro.
Este nazireu, Sansão, com o tempo, fez tudo o que o nazireado não permitia, tudo o que lhe era proibido ele o fez. Matou (tocou um morto), bebeu vinho e por fim rapou o cabelo. A questão é que se você ler a história de Sansão, temos a nítida impressão de que ele foi fazendo essas coisas e conforme via que nada lhe acontecia, ele foi, aos poucos, enganando-se em meio a essas coisas.
Muitas vezes é isso que Satanás faz com o cristão até anular a sua fé e assim, o anular. Ele te faz uma proposta e você aceita. Você faz e quando vê que (aparentemente) nada de ruim acontece, você se dá a liberdade de fazer novamente. Assim vai, até que uma hora você acha totalmente embrulhado no pecado, rodeado pelos seus próprios desejos e aí, a volta é difícil. O salmista disse: um abismo chama outro abismo (Sl 42.7a).
Enfim, sinto muito forte Deus querendo me ensinar, em Sua pessoalidade, a remir o tempo. Tanto resgatar o tempo, quanto saber usá-lo. “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio” (Moisés). A sabedoria está nisso, em contar os nossos dias, em remir o nosso tempo.
O que vale para Deus é isso. Como você usa o seu tempo? Com quem você tem passado? O que você tem feito? O que você tem comigo? Aprendi com um homem de Deus, Jerônimo Oliveira sobre a importância da alimentação. A primeira decisão que o homem tinha que tomar era o que ele iria comer, disse Jerônimo.
Se você se alimenta mal, se você usa mal o seu tempo, como poderá sobreviver em meio às lutas do dia-a-dia? Se você não tem alimento, como poderá alimentar aqueles que estão famintos de Deus e Sua vida?
Uma vez conversei com uma pessoa e ela me disse que precisava voltar para Deus, precisava olhar para Ele, pois se sentia longe. Algo parecido com a história de Sansão. Há alguns momentos em que estamos baixo, como ondas, e nos sentimos distantes de Deus – parece um deserto. Nesses momentos, não adianta querer estar alto. Esses momentos são totalmente necessários para nossa caminhada cristã e crescimento e maturidade. “A luz para acender precisa do positivo e do negativo. Assim, também, o cristão, como luz precisa do positivo e do negativo” (Pr. Eduardo Ávila).
Mas essa pessoa, pude perceber (pois a conhecia muito bem) não estava em um momento daqueles em que estamos baixo, pois a pessoa estava constantemente no baixo. Quando me coloquei a olhar para o Senhor a respeito disso, tive convicção de que o que ela realmente precisava era aprender a remir seu tempo e dedicar tempo para Deus.
Sua vida estava ruim, baixa, parecia um deserto sem fim, pois não sabia usar tempo. Sempre estava ocupada com coisas que lhe agradavam. A preguiça, o cansaço ou o desânimo tomavam parte no coração dela quando ela tentava ir para Deus em oração, leitura da Palavra. Por isso é preciso uma tomada de posição: “Deus, me ajude a remir (resgatar) o meu tempo com o Senhor!”A partir dessa pessoa Deus começou a me ensinar essa lição. Remissão de tempo. Contagem de dias. “Deus, nos ajude a olhar para o Senhor durante os nossos dias, a nos voltar para o Senhor em entrega e devoção, com o coração que busca, sempre, a voz do Bom Pastor. Apenas assim poderemos alcançar coração sábio diante do Senhor, apenas assim teremos o alimento necessário para a viagem, para o ministério, para a vida cristã, para sermos Corpo de Cristo na terra, para alimentarmos os que precisam de Jesus. O nosso tempo é precioso e precisamos saber usá-lo. Ensina-nos a remir o tempo, Senhor! Amém.”

quinta-feira, 3 de junho de 2010

As duas faces do arrependimento

Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento.
(Mt 3.8)

O precursor do Messias, João Batista, pregou batismo de arrependimento. Cristo, o próprio Messias, de igual forma, proclamou arrependimento. Ambos disseram: “Arrependei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus” (Mt 3.2 e 4.17). O arrependimento é de suma importância na vida do cristão, por tudo o que ele representa no início de nossa caminhada cristã e em cada passo.
Dizer que o arrependimento tem duas faces não significa que são duas coisas opostas, algo bom e ruim ou que possui uma desvantagem. Muito pelo contrário, o caminho de arrependimento é o caminho que todo cristão deve seguir; isso porque o arrependimento é precedido pelo reconhecimento do erro, de pecado, de doença e todo esse reconhecimento, se nos levar para uma consciência da necessidade que temos de Deus, é o que precisamos.
As duas facetas do arrependimento a que me refiro, são concomitantes. Estão juntas. A primeira vem falar de deixarmos o pecado e a segunda vem nos falar de voltarmos para Deus. Nós viramos as costas para o pecado e voltamos a nossa face e os nossos olhos para Deus.
Antes de virarmos as costas para o pecado, para o que temos feito de errado e deixarmos esse caminho, precisamos reconhecer o pecado. Eva, no jardim, reconheceu que foi enganada e que comeu do fruto da árvore que Deus proibiu.
Muitos dos personagens bíblicos, em sinal de arrependimento por seus pecados ou de outrem, antes reconheceram, depois confessaram e então mudaram de rota. Eles tiraram seus olhos do pecado e voltaram para Deus.
Se você não voltar os seus olhos para Deus, você acabara pecando novamente. É o que o salmista se refere quando diz que “um abismo chama outro abismo”. Se você peca, se arrepende, mas não volta os olhos para Deus, então o pecado continuará a bater em sua porta.
Certa vez, ouvi uma adolescente dizer que “o pecado é como uma goteira incessante e a santidade é o fato de não deixar-se molhar” (Ariella Costa); é verdade. A torneira do pecado está sempre pingando, ele sempre está batendo na porta, sempre está nos rodeando. Satanás nos rodeia, querendo ver nos embrulhados no pecado, pois assim, seremos anulados e tragados por ele.
Não tem como deixarmos o pecado sem nos voltar para Deus, por isso, por pior que você se sinta quando peque, se você não voltar os olhos para Deus, tudo acontecerá novamente. Digo por experiência própria, que sem olhar para Deus, o pecado será ligeiramente atraente, o fruto parecerá saboroso e Satanás, com certeza, não irá perder a chance de nos enganar.
Irmão, por isso eu digo que há duas facetas. É preciso reconhecer o pecado, se arrepender e pedir perdão e então voltar os olhos para Deus. Quando João Batista disse para produzir frutos dignos de arrependimento, creio que ele estava se referindo ao nosso viver após o arrependimento.
Se você diz que se arrepende, mas não se volta para Deus ou não deixa a prática do pecado, então você não produziu fruto digno de arrependimento. Arrependimento não é um sentimento de culpa, remorso ou tristeza, mas é uma atitude oposta àquela que o levou a pecar, oposta ao pecado em si.


A tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte. (2 Co 7.10)

A tristeza segundo Deus não é um sentimento de remorso ou culpa, mas a convicção do pecado cometido contra Deus. Se você peca contra seu irmão, você peca contra Deus. Se você peca contra seu corpo, você peca contra Deus. E essa tristeza é essa convicção; e essa convicção, quando seguida de arrependimento e confissão, produz salvação.
Irmão, às vezes é preciso doer e se humilhar ou passar vergonha para que essa salvação chegue a nós. Não fique aborrecido. É necessário e é bom. “[...] mas porque fostes contristados para arrependimento [...]” (2 Co 7.9). Essa vergonha e humilhação produzem mudança de vida, de rota ou arrependimento.
Quando Paulo discursa diante do rei Agripa, em Atos 26.20, ele diz: “mas anunciei primeiramente aos de Damasco e em Jerusalém, por toda a região da Judéia, e aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento”.
É exatamente o que quero dizer nesse texto e o que chamo de as duas faces do arrependimento. Paulo quer dizer que ele anunciou a mensagem, convocando as pessoas ao arrependimento (tirar os olhos do pecado) e se converterem a Deus (voltar os olhos para Deus) e praticarem obras dignas de arrependimento (mudança de vida necessária para que o arrependimento seja genuíno e fruto de quem tira os olhos do pecado e os coloca em Deus).
Os israelitas, sempre que se apartavam do Senhor, sofriam afrontas e eram oprimidos por seus inimigos até se arrependerem e se voltarem novamente ao Senhor. O povo voltava para o Senhor e depois novamente, voltava para o pecado. Deus sempre agiu com misericórdia. Sempre deixou o povo ser oprimido para que este se voltasse para Deus.

Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por Ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? (Hb 12.5b-7)


O arrependimento é atitudes que nos aproxima do Senhor; voltemos nossos olhos para o Senhor e veremos a Sua infinita misericórdia. Veremos que Ele sempre nos recebe; Ele sempre está de braços abertos para nós e isso Ele declarou na cruz, à toda humanidade, que Seus estavam abertos para receber qualquer pessoa (a prostituta, o ladrão, o assassino, o pedófilo, o bêbado, o viciado em drogas ou pornografia).
Graças a Deus porque Ele sempre insiste conosco e nos trata e nos corrige e sempre nos atrai para Si. O Senhor é bom e Ele é Abba amoroso e cheio de compaixão.

domingo, 9 de maio de 2010

O Éden sem religião


Também disse Deus: Façamos o homem à Nossa imagem, conforme a Nossa semelhança; (Gn 1.26)

Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia [...] (Gn 3.8a)

O homem, no jardim do Éden andava literalmente com Deus. As experiências de caminhar com Deus, conversar com Deus, saber Sua vontade e encontros pessoais com o Criador eram mais reais do que nunca. A voz do Criador era audível em cada encontro e Sua Presença tão notória quanto a Sua criação.
Não havia nada que pudesse impedir o homem de se relacionar com o Criador. Não havia nada que pudesse se interpor entre o homem e Deus. Nenhuma barreira. Nenhum pecado, até então. O princípio do plano de Deus para o homem era a vida eterna e a vida eterna consiste em conhecer a Elohim. O princípio do plano de Deus para o homem sempre foi comunhão.
Imagine o Criador caminhando junto com o ser humano criado à Sua própria imagem, conforme a Sua semelhança (Gn 1.26). Imagine que o versículo oito, primeira parte do versículo, do capítulo três de Gênesis fosse uma realidade diária. Como se Deus, todos os dias fosse ao encontro do homem para Se relacionar. Não havia nada que pudesse impedir esse contato de Deus com o homem.
Não havia nada que fosse capaz de impedir essa comunhão de Deus com o homem e do homem com Deus. Nada que se colocasse no meio dos dois. Não havia pecado para atrapalhar e não havia religião para atrapalhar. Era tudo tão simples.
Deus fala para Adão (esse é o nome do primeiro homem) dar nome aos animais (Gn 2.19ª). E é isso que Adão faz. Ele não pergunta a Deus qual nome ele deveria dar aos animais, mas ele apenas o faz. Isso nos mostra a harmonia existente entre a vontade do homem e a de Deus. Isso expressa comunhão – mesma vontade.
O primeiro homem, não recebe lista alguma com relação de que nome deveria dar para cada animal. Tão pouco vemos Deus renomeando os animais. Creio que se o próprio Criador fosse dar nome para os animais, faria exatamente como Adão o fez. Como disse, isso nos mostra a harmonia que havia entre a vontade do homem e a de Deus.
Havia comunhão entre Deus e o homem, no Éden. Isso é claramente percebido. E essa comunhão era simples, sem rodeios, sem religião. Adão não precisava entoar cânticos para atrair a Presença de Deus nem fazer uma oração. Não havia rituais, não havia medo. Não havia motivo para ter medo de Deus. Tudo o que havia era comunhão.
Comunhão era tudo o que o homem tinha no Éden. Não que o alimento que Deus proveu não era nada. Os animais, o sol, as plantas, tudo era importante. Mas nada era tão importante quanto Deus; quanto se relacionar com Deus. Não havia necessidade alguma que pudesse deixar o coração de Adão ansioso, preocupado. Imagino paz, pura.
Que preocupação haveria de passar pelo coração de Adão? Alimento? Havia por toda parte; onde seus olhos fitassem, ali ele encontrava alimento. Roupa? Ele não sabia o que era isso. A única coisa que poderia deixar Adão ansioso, era a espera pelo momento do Senhor vir para Se relacionarem.
Não era preciso ritual, canções, orações. Nada. Apenas esperar. Deus, por Ele mesmo, vinha toda viração do dia para Se encontrar com Adão. Cada encontro devia ser mais incrível que o outro. Ouvir Deus, falar com Ele. Simplesmente estar com Ele. E a cada encontro, Adão devia conhecer um pouco mais de Deus. Imagino o quanto incrível deveria ser cada encontro. Não havia buscas frustrantes por encontrá-lO ou orações aparentemente não respondidas.
E o jardim? Esse foi o lugar escolhido para os encontros. Tudo o que ali existia, havia sido feito para Adão. Era sua responsabilidade cuidar de tudo o que Deus havia criado. Não imagino Adão com medo de suas responsabilidades, de seu sustento, de suas decisões, seus atos. Deus estava com Ele todo dia. Não imagino a dúvida nem crises se passando pela mente e pelo coração de Adão. Não havia religião no jardim.
Mesmo sem nunca ter feito uma oração, Adão sabia o que fazer. Ele sabia como cuidar de cada coisa, como lidar com cada criatura. Ele sabia cuidar de cada coisa porque o Senhor sempre estava ensinando-o. Como disse, não havia religião no jardim. Apenas havia comunhão.
Você não sente nenhuma saudade ao pensar nessas coisas? Nós fomos feitos para isso. E imaginar isso e pensar nessa comunhão e acreditar que terei isso e ainda mais que isso, novamente, faz meu coração palpitar mais forte e se encher de esperança. Às vezes sou capaz de sentir as brisas da eternidade.
Não fomos feitos para esse mundo nem para essa realidade. Não espere satisfação numa terra sem Deus. Não espere alegria, prosperidade. As pessoas, às vezes, questionam sobre seus sofrimentos, suas perdas, suas necessidades ou falta de dinheiro e felicidade. Não é para você ficar satisfeito aqui. Tenho certeza que Deus não quer correr risco algum de você trocar toda a eternidade com Ele por coisas passageiras dessa terra, dessa vida.
O propósito de Deus é comunhão. Sempre foi. E no Éden, isso era real, era vívido. Sinta saudade disso. Queira isso. Busque isso. Comunhão não tem nada a ver com religião, pelo contrário, a comunhão é o fim da religião. É quando o artificial acaba e o real começa. Sinta saudade de Deus, sinta saudade dessa comunhão.

*Baseado nos escritos do livreto intitulado "Aqui e Agora! - Vivendo a Vida Ungida de Jesus uns com os Outros", do ministério Todos Aos Seus Pés.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

A Igreja é o Corpo de Cristo

Ele é a Cabeça do Corpo, da Igreja. (Cl 1.18a)

A Igreja é Ecclesia, é formada de crentes e nasceu mediante promessa, mas ela também é Corpo de Cristo. Paulo, apóstolo de Cristo, escreveu cartas as Igrejas de sua época, seus filhos na fé, e ele por vários momentos diz que a Igreja – se referindo aos crentes em Cristo – é Corpo de Cristo, sendo Cristo a Cabeça.
Um Corpo é formado por membros e órgãos com funções específicas. Quando olhamos para a Igreja de ideal ou até mesmo para a atual, não tem como não perceber a existência de diferentes membros. São pessoas, ministérios, colunas que sustentam a missão da Igreja ou do Corpo na terra.
É importante descobrirmos e exercermos nossa função, expressando o nosso dom e agindo no ministério para que fomos chamados. É mais do que ser alguém importante (não ser um inútil no meio do Corpo ou da obra de Cristo), mas é lutar e cooperar para que o Corpo viva, permaneça e esteja nas condições que o Senhor deseja.
Cada pessoa tem um dom. Creio que Deus chama pessoas para terem diferentes funções dentro da congregação, dentro do Corpo. Como por exemplo o ministério pastoral (todos são pastores), cuidando de pessoas, ensinando, recebendo, discipulando. Pessoas intercedendo uma pelas outras. Ensinando a Palavra. Socorrendo. Amando.
E assim, conforme cada um vai exercendo o seu dom, o Corpo de Cristo chega à unidade, que é a condição que creio, o Senhor, deseja para nós, os crentes em Cristo Jesus. A Igreja do primeiro século sabia o que era isso. Cada um exercia o seu dom. Todos tinham tudo em comum. Amavam-se. Ajudavam-se. Compartilhavam das coisas de casa em casa. E Satanás, desde o início da história da Igreja, usa como arma principal para estragar tudo isso, a divisão.
Não é à toa que Cristo disse que faríamos coisas maiores do que as que Ele mesmo fez. Jesus fez muitas coisas na terra. Ele curou, libertou pessoas, expulsou demônios, trouxe vida, trouxe um sentido para a vida, perdão para os pecados e disse que faríamos coisas maiores. Ele não voltará para morrer novamente numa cruz.
Agora, o que Deus fará, Ele fará por intermédio de um Corpo, o Corpo de Cristo. Ele fará através da Igreja. De pessoas que, com seus dons e suas vidas, serão os pés e as mãos de Cristo na terra. Os membros do Corpo vivendo Jesus, na terra. Os cristãos sendo, de fato, Corpo de Cristo na terra. Isso é um grande mistério.
Como pessoas diferentes, pessoas de todos os tipos, de repente, vivendo em unidade como se fossem um só Corpo, expressão de Cristo na terra. Isso pode trazer os milagres de volta. Isso pode trazer restauração e esperança as pessoas perdidas, novamente. Isso trará Jesus de volta.
E a Igreja para ser Corpo precisa dos membros vivendo em comunhão. Apenas através da comunhão, a vida de Cristo pode fluir de um membro para o outro, como sangue. O Espírito Santo trará vida aos membros e as pessoas através da comunhão das pessoas do Corpo de Cristo.

E três são os que testificam na terra: o Espírito, a água e o sangue, e os três são unânimes num só propósito. (1 Jo 5.8)

São três os que testificam na terra a respeito de Cristo. São três as testemunhas e a Igreja é Corpo de Cristo por causa dessas três testemunhas. O Espírito de Deus, a Palavra e a comunhão ou o sangue de Cristo que corre no Corpo. E a Igreja precisa dessas três testemunhas.
O Espírito que vivifica e que nos dirige, nos guia, testifica ao nosso coração a respeito do caminho e da vontade do Pai. Ele está em nosso meio por causa da ascensão de Cristo. Ele é o Consolador, a Presença de Deus na terra e em nossos corações. Podemos perceber o Espírito nas pessoas e na Palavra.
A Palavra que nos guia, nos confirma a vontade do Pai (pois a Bíblia expressa muito a respeito do pensamento de Deus e Deus não muda). Tudo o que está fora ou contradiz a Palavra não pode ser aceito pela Igreja, é heresia. Ele, como água, é capaz de limpar nossa mente e visão de toda poluição mental de o mundo nos proporciona. E ela precisa do Espírito.
O sangue que é a vida de Cristo correndo pelas veias e artérias de Seu Corpo. Cada membro precisa ser tocado, precisa que esse sangue e essa vida cheguem até ele. Sem o sangue, o Corpo não é vivo. Precisa desse sangue que é a marca da comunhão entre os crentes e é levado para cada parte, cada canto do Corpo através do Espírito Santo.
Como disse, Satanás conspira contra o Corpo de Cristo na terra e sua arma principal se chama divisão. A Ceia é a marca do Corpo, para sempre nos voltarmos a Cristo e a unidade do Corpo de Cristo. Ela não é o momento para pedirmos perdão pelos nossos pecados; a Ceia não é um lava-rápido para os crentes que estão em pecados.
A Ceia é a expressão da união do Corpo, de sua unidade. Você não participa da Ceia quando está em divisão. Antes, precisa se reconciliar com seu irmão. Esse é o sentido da Ceia, a comunhão do Corpo de Cristo em memória do Seu sacrifício. Aliás, essa comunhão só é possível pelo Seu sacrifício.

E, tomando um pão, tendo dado graças, o partiu e lhes deu, dizendo: Isto é o Meu corpo oferecido por vós; fazei isto em memória de Mim. Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este é o cálice da nova aliança no Meu sangue derramado em favor de vós.
(Lc. 22.19-20)

[...] e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o Meu corpo, que dado por vós; fazei isto em memória de Mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no Meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de Mim.
(1 Co 11.24-25)

Sempre que cearmos, devemos o fazer em memória do Senhor Jesus. O corpo de Cristo é dado por nós e representado no partir do pão quando compartilhamos desse Corpo na ceia. Partirmos o pão com o nosso irmão porque fazemos parte, todos juntos, desse mesmo Corpo.
De igual forma, o sangue de Cristo, o sangue da Nova Aliança, derramado por todos nós para remissão de pecados é compartilhado na ceia. No sangue está a vida e quando compartilhamos do vinho, é da vida de Cristo que compartilhamos. Por sermos do Corpo é que devemos todos compartilhar do Corpo e também da vida de Cristo que está em Seu Corpo.
O que Deus fará na terra, fará através de nós; e o Senhor orou para que nós fôssemos um como Ele e o Pai são um. Esse é o sonho de Jesus. Para finalizar, termino com uma frase do Ministério Todos Aos Seus Pés, que vi:

Nunca deixe ninguém jamais roubar seu sonho de ver a vida de Cristo manifestada diariamente “do menor até o maior” numa vida conjunta, ligada e visível entre crentes, porque, na verdade, é esse o sonho Dele (Cristo).

sexta-feira, 2 de abril de 2010

O amor furioso de Deus


Gosto muito de ler Brennan Manning e seus livros tem causado grande impacto em minha vida. No momento tenho lido um livro, intitulado “O anseio furioso de Deus” no qual ele nos leva a refletir sobre algumas coisas. Conforme eu refletir, pretendo escrever aqui no blog. Usarei um versículo diferente do que Brennan usa como inicial:

De longe se me deixou ver o Senhor, dizendo: Com amor eterno Eu te amei; por isso, com benignidade te atraí. (Jr 31.3)

Quando me deparei com a seguinte pergunta de Brennan Manning, “quando você lê a expressão ‘anseio furioso de Deus’, o que ela traz ao seu coração?”, a primeira coisa que me veio à mente foi este versículo de Jeremias, e logo em seguida me lembrei de um teatro conhecido do Lifehouse.
Para mim é muito forte quando leio Deus dizer ao Seu povo que com “amor eterno” os amou. Não sei se posso dizer que é um sentimento, ou uma atitude ou simplesmente o desejo de estar perto, mas sei que é eterno. O amor de Abba pelo Seu povo, o amor de Deus por mim e por você, querido, é eterno. Você consegue imaginar isso?
E esse amor é expresso em Cristo Jesus; é anunciado com toda intensidade possível, na cruz do Calvário em que Cristo foi crucificado. “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos. [...] Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai, vos tenho dado a conhecer” (Jo 15.13 e 15)
Quando me recordo ou assisto ao teatro do Lifehouse em que nos mostra o ser humano criado por Deus seduzido, envolvido e escravo do pecado, mas querendo voltar; e o Criador insistindo como se estivesse puxando com uma corda o ser humano que havia criado para Si, isso é o amor de Deus. Ele sempre insiste. Ele nunca desiste.
Pode ter certeza querido que o amor violento de Deus fará de tudo para movê-lo para perto de Si, mesmo que seja preciso você perder coisas, você sofrer um pouco ou ser quebrado para poder ouvir a Sua voz dizendo: NÃO POSSO FICAR LONGE DE VOCÊ. ESTOU TE MOVENDO PARA PERTO DE MIM.
Passei por algumas situações onde Deus me mostrou esse desejo de estar perto do ser humano que Ele criara. Podia ouvir Deus chamando e me movendo para perto de Sua Presença e o Seu amor, demonstrado em Cristo, era o que me movia em meio ao meu coração contrito e abatido, para perto de Si.
Durante toda história podemos ver Deus preparando o mundo para que Sua comunhão com o ser humano fosse restaurada. Seu plano, creio, aponta para Tabernáculos, quando finalmente estaremos na Presença do Noivo e nos casaremos com Ele e teremos uma comunhão eterna.
No filme, A Paixão de Cristo, de Mel Gibson, aparece Maria, mãe de Jesus, dizendo: “Quando, onde, como, decidirás ficar livre disto?” Cristo não decidiu ficar livre do sofrimento nem da morte, pois era necessário isso para que a comunhão da humanidade com Deus fosse restaura. Era necessária a cruz para religar o homem que estava sem Deus de volta ao seu Criador.
Quando nós descobrimos que o amor furioso ou o anseio furioso de Deus vai muito além das diferenças que o ser humano e o sistema impõem, a nossa vida como cristão será diferente. Deus é o Deus das viúvas, dos órfãos, dos pobres, das prostitutas, dos homoafetivos, dos viciados em drogas ou pornografia, dos ladrões e dos bêbados. Deus é o Deus de todos, pois Cristo não morreu pelos santos e Ele veio salvar os fariseus e religiosos. Cristo veio para os doentes, os pecadores que realmente necessitavam da graça. Esse é o amor de Deus.
Brennan Manning diz que ”o amor de Aba é furioso, não importando o estado em que a pessoa se encontre, pois o Seu amor jamais, jamais, jamais se baseia em nosso desempenho, jamais está condicionado ao nosso estado de espírito – se de entusiasmo ou depressão. O amor furioso de Deus não conhece nenhuma sombra de variação ou de mudança. É digno de confiança. E sempre terno.” Seu amor jamais muda.
Mais ou menos como diz uma canção de Bené Gomes, “que amor é esse que não mede o sacrifício para me salvar, para restaurar a minha vida por inteiro? Que amor é esse capaz de abrir de mão do bem mais precioso que um homem pode ter que é o seu próprio filho?” Que amor é esse de Deus? Que amor é esse, do qual nada pode nos separar?

Quem nos separará do amor de Cristo? Será tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada? [...] Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor. (Rm 8.35 e 38-39)

Pois irmãos, que amor é esse? Esse é o amor furioso de Deus ou o Seu anseio furioso de ter comunhão com o homem que Ele criou. Deus não muda e esse anseio permanece até hoje.

sábado, 13 de março de 2010

Importa que Cristo seja levantado

Fez Moisés uma serpente de bronze e a pôs sobre uma haste; sendo alguém mordido por alguma serpente, se olhava para a de bronze, sarava. (Nm 21.9)

A história narrada no livro de Números conta que o povo havia partido do monte Hor e caminhado ao redor da terra de Edom, até que as pessoas começaram a ficar impacientes e a falar contra Deus e contra Moisés. Deus não Se agradou da situação, da impaciência e falta de confiança do povo e mandou serpentes abrasadoras no meio do povo. As serpentes mordiam as pessoas e muitos dentre o povo morreram por causa disso. Então o povo se aproximou de Moisés, reconheceu o seu pecado e pediram a ele que orasse para o Senhor tirar as serpentes do meio do povo. Moisés intercedeu a Deus e o Senhor mandou que ele fizesse uma serpente de bronze; ele a fez e a colocou sobre uma haste. Todo aquele que era picado e mirasse a serpente de bronze, viveria. Assim aconteceu. Essa serpente de bronze vem nos falar de Jesus Cristo, que Se fez pecado por nós, para a nossa salvação (Rm 8.3). A nossa carne era enferma, doente, embrulhada pelo pecado e Cristo veio em semelhança de carne pecaminosa e assim Deus fez aquilo que era impossível à lei, ou seja, o que a lei era (e ainda é) incapaz de fazer – nos salvar.

[...] sendo alguém mordido por alguma serpente, se olhava para a de bronze, sarava. (Nm 21.9b)

À pessoa picada pelas serpentes abrasadoras bastava olhar a serpente de bronze e seria curada e viveria. No Novo Testamente sempre vemos a alusão de crer e ser salvo ou ter a vida eterna; no Velho Testamento é olhar e viver, olhar e ser salvo. Um é idêntico ao outro. O olhar no Velho Testamento é idêntico ao crer no Novo Testamento. Ambos são a mesma coisa. Enquanto para o povo de Israel no Velho Testamento implicava em olhar com os olhos físicos, para nós implica em algo em nosso coração, em olhar com o coração. É como A. W. Tozer diz: “A fé é o olhar fixo da alma que contempla o Deus Salvador.” Ter fé e não olhar para Cristo é totalmente sem sentido. A fé é olhar para Cristo. Vivemos preocupados com as coisas dessa terra, com nossas obrigações e responsabilidades, com as nossas necessidades e faltas; e olhamos para essas coisas, esquecendo-nos de olhar para Jesus Cristo, como nossa Esperança, Senhor e Salvador. A fé reorienta a nossa visão. Por meio da fé, somos capazes de mudar a direção em que estamos olhando; o pecado corrompera a nossa visão. Antes olhávamos para as serpentes abrasadoras e nos prendíamos às doenças e morte. Pela fé tiramos os olhos dessas coisas e nos direcionamos na serpente de bronze, que aponta para Aquele que é a Solução para a humanidade, para a nossa enfermidade. Quando olhamos para Ele, as coisas são diferentes. Além de tirarmos os olhos das coisas da terra, por meio da fé que é uma reorientação da nossa visão, tiramos os olhos de nosso “eu”. Passamos a olhar para fora e nós mesmos e isso é um ponto muito importante para que o Espírito Santo encontre liberdade para trabalhar, modificar e transformar, por meio da graça, o nosso interior.

Fez Moisés uma serpente de bronze e a pôs sobre uma haste; (Nm 21.9a)

A haste lembra a cruz de Cristo. A cruz é o lugar onde Cristo Se ofereceu por nós para que nós pudéssemos obter a herança da vida eterna; é na cruz que Cristo fez o que era preciso, pagando o preço, para que pudéssemos então, sermos curados e perdoados. A morte de Cristo não teria sentido sem a Sua ressurreição, mas foi com a Sua morte que o véu foi rasgado, nos dando uma nova chance, um caminho, liberdade e perdão pelo sangue de Cristo, para que nós possamos entrar diante da Presença de Aba, o Pai. A Palavra diz que Cristo nos resgatou na maldição da lei, fazendo-Se Ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro) (Gl 3.13). As serpentes que deixavam o povo enfermo, que levava o povo a morte, assim como o pecado que é uma enfermidade que só nos leva para a morte e Cristo Se faz maldição, Ele próprio, para que nós pudéssemos ser curados. Tirar os nossos olhos de nossos problemas e deixar de enxergar o “copo meio vazio”, ou seja, sermos negativistas, e só reclamarmos por nossas perdas, ignorando o que Cristo fez, a nossa herança e a nossa pátria que não é nessa terra é um ponto chave para uma vida transformada; porque quando tiramos os nossos olhos dessas coisas e pela fé, levamos em conta Cristo e o Reino de Deus, então nossos olhos estarão no lugar certo.

E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que Nele crê tenha a vida eterna. (Jo 3.14-15)

Importa que Cristo seja levantado em nossas vidas, de forma que nossos olhos estejam Nele, a Salvação de Israel e o Salvador dos homens.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

É preciso crer e ter expectativa

Ora, Àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o Seu poder que opera em nós, [...] (Ef 3.20)

Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor. (Lm 3.26)

O que nós esperamos em nosso dia-a-dia? Qual é a esperança que temos em nosso viver? Qual é a nossa expectativa? Até onde cremos e esperamos o Senhor nos responder? Às vezes me pego com essas perguntas em meus pensamentos.
Passamos por situações e momentos difíceis, nos quais, se passarmos sem esperar por algo, por uma vitória, um aprendizado ou alguma coisa qualquer, não sei se sobreviveríamos. Você pode achar exagero de minha parte, mas é fato que quando passamos por um momento difícil sem esperar por algo, então somos assolados pelo desânimo e às vezes, pela depressão.
Uma vida sem esperança é triste. Já tive a experiência de estar próximo a alguém em depressão e tanto para a pessoa quanto para quem está perto, é triste. Você ver alguém que você tanto ama sem esperança, sem vontade de viver, apenas chorando e se isolando das pessoas (talvez por medo de decepção) é triste. Você procura conversar com a pessoa e a única coisa que consegue são lágrimas e estas, de tristeza.
Uma vez ouvi de uma querida irmã que nós, como cristãos que somos, “temos que ser fortes”. No mundo nós ouvimos dizer que a esperança é a última que morre e infeliz foi o homem que disse isso; para nós cristãos, como disse essa irmã, “a nossa Esperança nunca morre, pois é Jesus, e Este é Eterno”.
A falta de esperança é como um câncer que devora toda nossa força vital, todo desejo que temos de continuar vivendo, descobrir a vida e encontrar o Senhor. Satanás engana as pessoas dizendo que Deus não é real, que a vida não tem sentido e que não há esperança. Não se deixe enganar, irmão, olhe para Deus.
Perceba que sempre insto as pessoas a olharem para o Senhor. Na verdade, sempre me insto a olhar para o Senhor. Quando nossos olhos estão em Deus, então nossa perspectiva da vida e dos problemas muda. Uma vez vi uma comunidade na internet que dizia que a decepção é só mais um aprendizado – e de fato é, quando nossos olhos estão fixos em Deus.
Como diz Max Lucado, “quando sua perspectiva está em Deus, seu foco está Naquele que vence qualquer tempestade que a vida pode trazer.” Por isso sempre procuro, e me insto para isso, olhar para Deus.

Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra. (Sl 121.1-2)

O salmista olha para os montes e se pergunta de onde poderá vir o seu socorro; é como uma pessoa que olha para os grandes obstáculos da vida, as montanhas difíceis de serem subidas, ultrapassadas. No meio do cansaço, quando o desânimo se aproxima ou Satanás respira o engano no seu ouvido, aí vem a certeza que faz o salmista responder.
Meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra. Meu socorro vem de Deus, o Criador de todas as coisas, o Rei dos reis. O salmista pergunta ao seu próprio coração e ele mesmo responde. Essa é a certeza de quem cujos olhos estão firmes em Deus. Sua perspectiva muda.
Quando nossa visão está em Deus, então podemos dizer que de fato tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus, até as maiores decepções e frustrações. Até o maior fracasso é capaz de nos levar para perto do Pai.
Abraão creu na promessa de que Deus lhe daria um filho. Mas não bastava crer, era preciso ter expectativa. Era preciso esperar que Deus de fato lhe daria um filho. Isso o motivou e isso o fez questionar Deus e ser pessoal com Deus. E o Senhor deu um filho a Abraão.
Essa irmã que apontou dizendo que a Esperança do cristão nunca morre, pois é Jesus, ela venceu o câncer. Embora pareça, mas o que quero mostrar aqui não é confiar em Deus quando se está entre a vida e a morte, enfermo, em estado de depressão. Apenas comentei essas coisas para dar sentido e valor a esperança.
O que realmente quero dizer é que precisamos esperar em Deus e algo de Deus em cada momento de nossas vidas. É preciso crer e ter expectativa. É preciso esperar que Deus efetuará o que Ele colocou em nosso coração e terminará a obra que Ele começou.
Quando a situação não está boa e Satanás sopra o engano e a desesperança, saiba que Deus pode surpreender você, querido. Nesse último carnaval, estive em um acampamento e compartilho aqui que o Senhor me surpreendeu.
Não tinha expectativa alguma a respeito desse encontro ou acampamento. Sempre acreditei que Deus pudesse fazer algo, mas confesso que expectativa alguma se encontrava em meu coração. Talvez pelo que pudesse ser o depois.
Deus me surpreendeu e me encantou mais uma vez com o Seu carinho e amor, com a Sua paciência e insistência em Se mostrar real e amoroso para com as pessoas. Ouvir jovens e adolescentes dizerem que encontraram Deus, é demais para mim. Isso faz a esperança que tenho de ver a Igreja (Ecclesia de Deus) restaurada e gloriosa fumegar dentro de mim.
Elevei os olhos para os céus: Senhor faça alguma coisa, Se mostre real para essas pessoas. Foi uma experiência minha nesse período. E o Senhor respondeu. Ouvi jovens dizerem que nunca pensaram que Deus pudesse falar com eles de tal modo – isso me cativa em Deus. Ver a Presença do Senhor nas coisas simples, nos animais, nas estrelas me cativa mais um pouco.
Irmãos, por um momento não tive expectativa, mas agora digo que é preciso crer e ter expectativa. Não basta crer apenas, é preciso ter expectativa também. Deus pode surpreender você assim como o fez comigo.
Bom é ter esperança no Senhor e aguardar em silêncio (pois Ele é Deus) a Sua salvação!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Nos ombros da Misericórdia

“Mas carregado nos ombros da misericórdia
Eu sou levado até os portões do céu”
(trecho de Em Teus Ombros, música de Juliano Son)

Segundo o Evangelho da Graça, por mais que sejamos disciplinados e cumpridores de nossos deveres para com a Igreja, por mais que venhamos a ler a Bíblia todos os dias e orarmos regularmente, não somos capazes de salvar a nós mesmos. Vivemos iludidos, achando que podemos fazer algo por nós mesmos. E nisso insistimos em nos punir e ficar decepcionados conosco mesmos quando falhamos ou em sentir orgulho e satisfação quando temos sucesso em alguma situação, e até nos parabenizamos por tal feito. Todo esse movimento e esses sentimentos são fruto da busca de nosso ego por uma vida independente de Aba. Parece que não queremos aceitar que precisamos de Deus, que existe algo que não somos capazes de fazer, então inventamos desculpas e fábulas, de forma a satisfazer o nosso “eu”. É assustador a forma como somos capazes de nos vangloriar diante de queda de nosso irmão, julgando-nos melhores do que ele, enquanto cultivamos pecados em nosso secreto. Fazemos sujeira quando estamos sozinhos, e quando alguém se aproxima de nós, para mantermos a aparência, empurramos tudo para debaixo do tapete. Insistimos, com nossas próprias forças, em tentar vencer algumas de nossas lutas pessoais, quando o que Cristo nos pede é apenas para nos achegarmos a Ele e aceitar que Ele retire de nós essas coisas, rasgue o véu de nosso coração, pode os galhos ruins ou arranque pela raiz o que tem nos feito mal. Todas essas coisas e as coisas que você sabe melhor do que qualquer pessoa, os seus pecados cultivados, toda sujeira de seu corpo, só podem ser vencidas por causa de Cristo. Sinto como se o Senhor, muitas vezes, nos permitisse ir, gastar tudo, comer bolotas, cair na lama, para percebermos a nossa necessidade e voltarmos para casa, para os braços de nosso Pai. É preciso reconhecer, antes de qualquer coisa ou vitória, que não depende de nós. Somos necessitados da graça do Senhor. Todos carecemos de Sua Glória.

“Indigno assim: Eu reconheço que
a salvação vem pelo Filho, o Filho de Deus”
(trecho de Em Teus Ombros, música de Juliano Son)

O que quero dizer com tudo isso é o mesmo que Javé insistia com o povo de Israel: “[...] com grandes misericórdias, torno a acolher-te.” É sempre por causa da misericórdia do Senhor, nunca por causa de algo que fizemos. Isso está incluso no pacote da graça, não ganhamos algo de Deus porque fizemos algo para isso, mas é por graça, é por causa da misericórdia de Deus. Se ganharmos algo porque merecemos ou fizemos algo para isso, então não é graça. O trabalhador é digno do seu alimento, disse Jesus; e Paulo cita: o trabalhador é digno do seu salário (Mt 10.10 e 1 Tm 5.18). A graça de Deus é justamente quando não merecemos e a Sua misericórdia justamente quando encaramos a realidade de que nós deveríamos ir para o inferno; afinal, a única coisa que merecemos é isso. Se depender de nós, não conseguimos. Essa é a realidade. Embora o querer fazer o bem esteja em nós, o efetuá-lo não está. “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo.” (Rm 7.18) Aí é que entra a força da declaração seguinte, feita também, por Paulo: “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor.” (Rm 7.25) Caminhamos nos ombros da misericórdia, porque o que faz a diferença em nossas vidas são a morte e ressurreição do Filho de Deus. A graça vai mais além. O ser humano não quer; ele não consegue ter uma vida com Deus. Mas Deus não desiste de nós. A graça é quando ninguém quer, mas só Deus quer (Alessandro Calejon). E isso é o que faz a diferença.

“Graça que eu não compreendo, mas que bem sei,
sei que preciso. Leva-me pelas mãos”
(trecho de Em Teus Ombros, música de Juliano Son)

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

A Igreja é Ecclesia

Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos. (At 2.46-47)

Assim era a vida da Igreja primitiva. Eles iam ao templo, embora não permanecessem nessa ida por muito tempo, pois era o lugar onde os judeus se reuniam. O evangelho começou a crescer e muitos gentios começaram a vir para Cristo; logo os religiosos e os fariseus da época, não aceitariam essas pessoas no templo.
Mas a vida dos cristãos na época era fora do comum para as pessoas, e até para nós hoje. Pessoas de famílias diferentes, mas que se amavam e se apoiavam como se fossem de mesmo pai. Partiam o pão de casa em casa, sempre se reunindo por causa de Cristo, pelo Reino de Deus, louvando a Deus; e contando com a simpatia de todo o povo. Eles não eram odiados nem rotulados de crentes chatos. E Deus ia dando graça e acrescentando pessoas dia a dia, pessoas que iam sendo salvas, crentes no evangelho.
É como uma música do ministério Ruach em que diz que o amor surpreenderá Satanás. Nos últimos dias, o amor de muitos se esfriaria – de quase todos (Mt 24.12). Mas, creio que é justamente por isso que o amor surpreenderá Satanás. A iniqüidade vem crescendo, o que é mal para o homem e contra a santidade de Deus vem se tornando normal, com isso o amor vai se tornando raro. Não é à toa que o amor irá surpreender Satanás. Creio nisso!
A expressão ecclesia, em seu sentido espiritual, usado ao longo dos séculos, significa “chamados para fora”. Literalmente, os cristãos eram chamados para fora de qualquer rudimento religioso da época. Eles eram diferentes das pessoas da sociedade da época. Eles tinham amor uns pelos outros, vendiam tudo o que tinham e depositavam aos pés dos apóstolos, para servirem aos irmãos e aos necessitados.
Entregar tudo o que tinha era e é totalmente o contrário do que o homem vem aprendendo ao longo da história, em que ele deve sempre possuir, sempre ganhar e obter o máximo de coisas que puder (dinheiro e poder). Agora quando você nega essas coisas, você realmente não se encaixa no padrão da sociedade. Por isso, os cristãos eram chamados para fora, ou seja, para fora dos padrões deste mundo, para fora como pessoas diferentes.
Aliás, isso é uma marca do cristão. Por mais difícil que pareça ser, e muitas vezes é, mas uma das coisas que caracteriza o cristão é o fato de que ele é diferente. Nós precisamos ser diferentes, como Jesus O foi. Quem deixa de se vingar e antes, cede a outra face para ser ferida? Quem toma a postura de amar o próximo e o inimigo que o odeia tanto? Quem recusa os padrões do mundo que diz que para ser homem é preciso cobiçar, sair e ter relações com muitas mulheres?
Não fazer essas coisas é ser diferente. É ser cristão. Olhar para a vida de Cristo e depender de Seu Espírito, que deseja nos fazer semelhantes ao Filho, é ser cristão. É como o dito popular no meio dos cristãos: “nadar contra as correntezas do mundo”, ou seja, ir na direção oposta. Enquanto todos caminham para a normalidade e indiferença, nós rejeitamos isso diariamente, nós mortificamos a nossa carne, na dependência do Espírito Santo, e voltamos dia após dia para o Pai como filhos pródigos que insistimos em ser.
O termo ecclesia, no grego, tem o sentido de assembléia. Como se fosse uma reunião, com um propósito, uma decisão a ser tomada. Tentando aplicá-la a Igreja de Deus, ecclesia vem falar da congregação dos santos. Igreja não é um ajuntamento de pessoas, mas um organismo vivo, uma comunidade de pessoas que vivem em comunhão com Deus e uns com os outros.
A Igreja como Ecclesia, no sentindo de congregação, a comunhão do Corpo de Cristo, era presente em qualquer lugar da época apostólica. Quando os cristãos ficaram impedidos de se reunirem no templo, por causa dos gentios, as reuniões permaneceram. Eles não estavam ligados a um lugar físico, mas ao templo espiritual, ao Corpo de Cristo. O importante era estarem juntos.
O autor da epístola aos Hebreus nos insta: Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto quanto vedes que o Dia se aproxima (Hb 10.24-25).
A congregação tem esse propósito, de nos reunirmos como Corpo para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não é um grupo de pessoas que se reuni para falar mal de outrem, julgar e fazer fofoca da vida de outrem, mas é quando o Corpo se reuni; é quando nos estimulamos uns aos outros ao amor, para cura e restauração e, assim, para saúde do próprio Corpo.
É um organismo vivo. Quando um membro está mal ou uma parte do corpo está ferida ou doente, todo o corpo sente, ainda que um leve incômodo. E então, o Corpo se uni para cura. Uma vez ouvi um homem dizer que há curas que o Espírito Santo só efetua através do Corpo e creio ser verdade.

Está alguém entre vós sofrendo? Faça oração. Está alguém alegre? Cante louvores. Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor.
Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo.
(Tg 5.13-14 e 16)

Paulo escreve em sua carta aos Efésios para não entristecermos o Espírito de Deus (Ef 4.30) e em sua primeira carta aos irmãos de Tessalônica para não apagarmos o Espírito (1 Ts 5.19). Onde o Espírito de Deus Se manifesta? Creio ser na comunhão. Como entristecemos ou apagamos o Espírito? Com a divisão, separação, facção ou qualquer quebra de comunhão do Corpo.
Por isso Jesus sempre fala do nosso tratar ou corresponder a outrem e Paulo também, sempre vem tratando de assuntos que dizem respeito a relacionamento. É nossa responsabilidade mantermos o Corpo de Cristo unido; mesmo que seja preciso perder para que isso aconteça.

Quanto ao mais, irmãos, adeus! Aperfeiçoai-vos, consolai-vos, sede do mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz estará convosco. (2 Co 13.11)

sábado, 9 de janeiro de 2010

Conhecer a Cristo

Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor; como a alva, a sua vinda é certa; e Ele descerá sobre nós como a chuva, como a chuva serôdia que rega a terra. (Os 6.3)

Jesus era filho de Davi. Ele era descendente de Abraão, Isaque e Jacó; descendente do Rei Davi; e por fim, nascido de Maria, uma virgem. Levi (Matheus) nos apresenta a genealogia de Jesus desde Abraão e em todo o seu Evangelho, nos mostra Jesus como Messias, Aquele que os judeus tanto aguardavam.
Assim como Levi, Pedro também percebe que Jesus era o Cristo. Enquanto muitos argumentavam sobre quem seria Jesus, o carpinteiro, Pedro, por meio de revelação, descobriu um pouco da identidade de seu Mestre: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.”
“Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não te foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai que está nos céus”, responde Jesus. Pedro percebeu que Aquele a Quem ele seguia era o Messias, o Rei Ungido que todos esperavam; e também que era Ele o Filho de Deus (Mt 16.13-17).
Jesus é o Cristo, Ele é o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (Jo 1.29) e digo mais, que é capaz de tirar o pecado de nossas vidas (aqueles pecados ocultos, que nós cultivamos e não conseguimos nos desvencilhar); Jesus é o Filho de Deus, dado pelo Pai, para que todo o que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna (Jo 3.16).
E Ele é o Pão da Vida (Jo 6.35), o Pão que desce do céu e dá vida ao mundo (Jo 6.33), o Único que é suficiente para o homem; Jesus é a Fonte da Água Viva, a Quem podemos ir, nós que temos sede (Jo 7.37; 4. 13-14); Jesus, a Luz do mundo, que dá a luz da vida e ilumina todo aquele que O segue (Jo 8.12).
“Eu Sou o Bom Pastor, Aquele que dá a vida pelas ovelhas”, disse Jesus (Jo 10.11 e 14-15); “Eu Sou a Porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem”, também disse Jesus (Jo 10.9).
Jesus Cristo é o Caminho que leva ao Pai, é a Verdade que nos liberta e Aquele que tem a própria vida (Jo 14.6; 8.32 e 5.26). Ele é a Videira, da Qual nós somos os ramos (Jo 15.1 e 5). Ele é a Pedra Angular (Ef 2.20), a Cabeça do Corpo e da Igreja (Ef 1.22 e 5.23; Cl 1.18), o Noivo (Mt 9.15 e Ap 21.9).
Cristo é a Imagem do Deus invisível, o Primogênito de toda a criação; pois Nele foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio Dele e para Ele. Ele é antes de todas as coisas. Nele tudo subsiste. (Cl 1.15-17)
Jesus de Nazaré, Aquele que fez muitos milagres, os quais nós podemos ler nos Evangelhos. Ele é Aquele que deu Sua própria vida por nós, em nosso favor (Jo 10.15-18 e 15.13). Ele é O que era, O que é e O que há de vir (Ap 1.4). Ele é Aquele que chorou (Jo 11.35); Ele é Aquele que morreu, crucificado pelos nossos pecados (Aquele que achou que valia a pena morrer por nós) e ao terceiro dia ressuscitou. Depois foi ascendido aos céus, para Se assentar no trono, a destra do Pai Deus. Jesus é Maravilhoso! Totalmente Amável! Totalmente Digno! Gracioso, misericordioso, cheio de compaixão e bondade. A razão de tudo se encontra na Pessoa de Cristo e ponto maior da história nós acharemos em Sua segunda vinda, a qual dá sentido para a primeira vinda.
O nosso Jesus é essas coisas que escrevi e muito mais. Não tenho intenção nenhuma de limitá-lO. Mas são apenas algumas coisas que sabemos a respeito de Jesus, o Cristo. Você deve saber muitas outras coisas mais a respeito Dele – aquelas que eu não escrevi.
Divino em muitos aspectos e humano em outros. Alguns puderam tocar, ver e ouvir a respeito (1 Jo 1.1-3) e é aí que quero chegar. Há uma diferença muito grande entre saber a respeito ou sobre alguém e conhecê-lo. Nós podemos muito saber o nome da pessoa, onde ela nasceu, quantos anos tem, a sua família de origem, onde estudou, hábitos, aparência, mas isso não quer dizer que eu conheço essa pessoa. Apenas sei sobre ela.
O desejo de Jesus é que nós O conheçamos. É nessa realidade que quero instá-lo a entrar, a orar pedindo ajuda ao Senhor. Não a realidade de ler as Escrituras e ouvir pregações, e assim saber a respeito de Cristo Jesus, mas a realidade de conhecê-lO, intimamente; tocá-lO, vê-lO e ouvi-lO!
O apóstolo João descobriu essa realidade. Ele deitou sua cabeça no peito de Jesus e pôde ouvir as batidas do coração do Filho. A intimidade com Jesus mudou sua vida e ele acabou por descobrir que ele era o discípulo amado por Jesus. A comunhão com Cristo revelou a ele sua identidade em Deus.
Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor é um chamado para uma intimidade diária com o Cristo, o Filho do Deus que vive.