Não entre no blog nem o leia esperando lições de teologia vindas de um teólogo. Não sou teólogo. Estou mais para um maltrapilho, daqueles amados por Aba (se bem que acho que Deus ama todos os maltrapilhos, de alguma forma), cuja insistência por encontrar Deus nas diversidades da vida não se cansa e não se contunde.



Este blog é um lugar pessoal, um lugar exclusivo; não escrevo para nenhum terceiro. Escrevo para Aba e para mim. Minha contradição, minha loucura, por enquanto, que fiquem comigo; e enquanto Aba tiver prazer neste louco maltrapilho, assim quero permanecer.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

As duas faces do arrependimento

Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento.
(Mt 3.8)

O precursor do Messias, João Batista, pregou batismo de arrependimento. Cristo, o próprio Messias, de igual forma, proclamou arrependimento. Ambos disseram: “Arrependei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus” (Mt 3.2 e 4.17). O arrependimento é de suma importância na vida do cristão, por tudo o que ele representa no início de nossa caminhada cristã e em cada passo.
Dizer que o arrependimento tem duas faces não significa que são duas coisas opostas, algo bom e ruim ou que possui uma desvantagem. Muito pelo contrário, o caminho de arrependimento é o caminho que todo cristão deve seguir; isso porque o arrependimento é precedido pelo reconhecimento do erro, de pecado, de doença e todo esse reconhecimento, se nos levar para uma consciência da necessidade que temos de Deus, é o que precisamos.
As duas facetas do arrependimento a que me refiro, são concomitantes. Estão juntas. A primeira vem falar de deixarmos o pecado e a segunda vem nos falar de voltarmos para Deus. Nós viramos as costas para o pecado e voltamos a nossa face e os nossos olhos para Deus.
Antes de virarmos as costas para o pecado, para o que temos feito de errado e deixarmos esse caminho, precisamos reconhecer o pecado. Eva, no jardim, reconheceu que foi enganada e que comeu do fruto da árvore que Deus proibiu.
Muitos dos personagens bíblicos, em sinal de arrependimento por seus pecados ou de outrem, antes reconheceram, depois confessaram e então mudaram de rota. Eles tiraram seus olhos do pecado e voltaram para Deus.
Se você não voltar os seus olhos para Deus, você acabara pecando novamente. É o que o salmista se refere quando diz que “um abismo chama outro abismo”. Se você peca, se arrepende, mas não volta os olhos para Deus, então o pecado continuará a bater em sua porta.
Certa vez, ouvi uma adolescente dizer que “o pecado é como uma goteira incessante e a santidade é o fato de não deixar-se molhar” (Ariella Costa); é verdade. A torneira do pecado está sempre pingando, ele sempre está batendo na porta, sempre está nos rodeando. Satanás nos rodeia, querendo ver nos embrulhados no pecado, pois assim, seremos anulados e tragados por ele.
Não tem como deixarmos o pecado sem nos voltar para Deus, por isso, por pior que você se sinta quando peque, se você não voltar os olhos para Deus, tudo acontecerá novamente. Digo por experiência própria, que sem olhar para Deus, o pecado será ligeiramente atraente, o fruto parecerá saboroso e Satanás, com certeza, não irá perder a chance de nos enganar.
Irmão, por isso eu digo que há duas facetas. É preciso reconhecer o pecado, se arrepender e pedir perdão e então voltar os olhos para Deus. Quando João Batista disse para produzir frutos dignos de arrependimento, creio que ele estava se referindo ao nosso viver após o arrependimento.
Se você diz que se arrepende, mas não se volta para Deus ou não deixa a prática do pecado, então você não produziu fruto digno de arrependimento. Arrependimento não é um sentimento de culpa, remorso ou tristeza, mas é uma atitude oposta àquela que o levou a pecar, oposta ao pecado em si.


A tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte. (2 Co 7.10)

A tristeza segundo Deus não é um sentimento de remorso ou culpa, mas a convicção do pecado cometido contra Deus. Se você peca contra seu irmão, você peca contra Deus. Se você peca contra seu corpo, você peca contra Deus. E essa tristeza é essa convicção; e essa convicção, quando seguida de arrependimento e confissão, produz salvação.
Irmão, às vezes é preciso doer e se humilhar ou passar vergonha para que essa salvação chegue a nós. Não fique aborrecido. É necessário e é bom. “[...] mas porque fostes contristados para arrependimento [...]” (2 Co 7.9). Essa vergonha e humilhação produzem mudança de vida, de rota ou arrependimento.
Quando Paulo discursa diante do rei Agripa, em Atos 26.20, ele diz: “mas anunciei primeiramente aos de Damasco e em Jerusalém, por toda a região da Judéia, e aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento”.
É exatamente o que quero dizer nesse texto e o que chamo de as duas faces do arrependimento. Paulo quer dizer que ele anunciou a mensagem, convocando as pessoas ao arrependimento (tirar os olhos do pecado) e se converterem a Deus (voltar os olhos para Deus) e praticarem obras dignas de arrependimento (mudança de vida necessária para que o arrependimento seja genuíno e fruto de quem tira os olhos do pecado e os coloca em Deus).
Os israelitas, sempre que se apartavam do Senhor, sofriam afrontas e eram oprimidos por seus inimigos até se arrependerem e se voltarem novamente ao Senhor. O povo voltava para o Senhor e depois novamente, voltava para o pecado. Deus sempre agiu com misericórdia. Sempre deixou o povo ser oprimido para que este se voltasse para Deus.

Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por Ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? (Hb 12.5b-7)


O arrependimento é atitudes que nos aproxima do Senhor; voltemos nossos olhos para o Senhor e veremos a Sua infinita misericórdia. Veremos que Ele sempre nos recebe; Ele sempre está de braços abertos para nós e isso Ele declarou na cruz, à toda humanidade, que Seus estavam abertos para receber qualquer pessoa (a prostituta, o ladrão, o assassino, o pedófilo, o bêbado, o viciado em drogas ou pornografia).
Graças a Deus porque Ele sempre insiste conosco e nos trata e nos corrige e sempre nos atrai para Si. O Senhor é bom e Ele é Abba amoroso e cheio de compaixão.

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