Não entre no blog nem o leia esperando lições de teologia vindas de um teólogo. Não sou teólogo. Estou mais para um maltrapilho, daqueles amados por Aba (se bem que acho que Deus ama todos os maltrapilhos, de alguma forma), cuja insistência por encontrar Deus nas diversidades da vida não se cansa e não se contunde.



Este blog é um lugar pessoal, um lugar exclusivo; não escrevo para nenhum terceiro. Escrevo para Aba e para mim. Minha contradição, minha loucura, por enquanto, que fiquem comigo; e enquanto Aba tiver prazer neste louco maltrapilho, assim quero permanecer.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Nos ombros da Misericórdia

“Mas carregado nos ombros da misericórdia
Eu sou levado até os portões do céu”
(trecho de Em Teus Ombros, música de Juliano Son)

Segundo o Evangelho da Graça, por mais que sejamos disciplinados e cumpridores de nossos deveres para com a Igreja, por mais que venhamos a ler a Bíblia todos os dias e orarmos regularmente, não somos capazes de salvar a nós mesmos. Vivemos iludidos, achando que podemos fazer algo por nós mesmos. E nisso insistimos em nos punir e ficar decepcionados conosco mesmos quando falhamos ou em sentir orgulho e satisfação quando temos sucesso em alguma situação, e até nos parabenizamos por tal feito. Todo esse movimento e esses sentimentos são fruto da busca de nosso ego por uma vida independente de Aba. Parece que não queremos aceitar que precisamos de Deus, que existe algo que não somos capazes de fazer, então inventamos desculpas e fábulas, de forma a satisfazer o nosso “eu”. É assustador a forma como somos capazes de nos vangloriar diante de queda de nosso irmão, julgando-nos melhores do que ele, enquanto cultivamos pecados em nosso secreto. Fazemos sujeira quando estamos sozinhos, e quando alguém se aproxima de nós, para mantermos a aparência, empurramos tudo para debaixo do tapete. Insistimos, com nossas próprias forças, em tentar vencer algumas de nossas lutas pessoais, quando o que Cristo nos pede é apenas para nos achegarmos a Ele e aceitar que Ele retire de nós essas coisas, rasgue o véu de nosso coração, pode os galhos ruins ou arranque pela raiz o que tem nos feito mal. Todas essas coisas e as coisas que você sabe melhor do que qualquer pessoa, os seus pecados cultivados, toda sujeira de seu corpo, só podem ser vencidas por causa de Cristo. Sinto como se o Senhor, muitas vezes, nos permitisse ir, gastar tudo, comer bolotas, cair na lama, para percebermos a nossa necessidade e voltarmos para casa, para os braços de nosso Pai. É preciso reconhecer, antes de qualquer coisa ou vitória, que não depende de nós. Somos necessitados da graça do Senhor. Todos carecemos de Sua Glória.

“Indigno assim: Eu reconheço que
a salvação vem pelo Filho, o Filho de Deus”
(trecho de Em Teus Ombros, música de Juliano Son)

O que quero dizer com tudo isso é o mesmo que Javé insistia com o povo de Israel: “[...] com grandes misericórdias, torno a acolher-te.” É sempre por causa da misericórdia do Senhor, nunca por causa de algo que fizemos. Isso está incluso no pacote da graça, não ganhamos algo de Deus porque fizemos algo para isso, mas é por graça, é por causa da misericórdia de Deus. Se ganharmos algo porque merecemos ou fizemos algo para isso, então não é graça. O trabalhador é digno do seu alimento, disse Jesus; e Paulo cita: o trabalhador é digno do seu salário (Mt 10.10 e 1 Tm 5.18). A graça de Deus é justamente quando não merecemos e a Sua misericórdia justamente quando encaramos a realidade de que nós deveríamos ir para o inferno; afinal, a única coisa que merecemos é isso. Se depender de nós, não conseguimos. Essa é a realidade. Embora o querer fazer o bem esteja em nós, o efetuá-lo não está. “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem nenhum, pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-lo.” (Rm 7.18) Aí é que entra a força da declaração seguinte, feita também, por Paulo: “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor.” (Rm 7.25) Caminhamos nos ombros da misericórdia, porque o que faz a diferença em nossas vidas são a morte e ressurreição do Filho de Deus. A graça vai mais além. O ser humano não quer; ele não consegue ter uma vida com Deus. Mas Deus não desiste de nós. A graça é quando ninguém quer, mas só Deus quer (Alessandro Calejon). E isso é o que faz a diferença.

“Graça que eu não compreendo, mas que bem sei,
sei que preciso. Leva-me pelas mãos”
(trecho de Em Teus Ombros, música de Juliano Son)

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