Não entre no blog nem o leia esperando lições de teologia vindas de um teólogo. Não sou teólogo. Estou mais para um maltrapilho, daqueles amados por Aba (se bem que acho que Deus ama todos os maltrapilhos, de alguma forma), cuja insistência por encontrar Deus nas diversidades da vida não se cansa e não se contunde.



Este blog é um lugar pessoal, um lugar exclusivo; não escrevo para nenhum terceiro. Escrevo para Aba e para mim. Minha contradição, minha loucura, por enquanto, que fiquem comigo; e enquanto Aba tiver prazer neste louco maltrapilho, assim quero permanecer.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Consciência de Deus

Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o Seu eterno poder, como também a Sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis.
(Rm 1.20)

Deus é real; e Ele está presente onde você está. Sua Presença pode ser percebida na simplicidade, na humildade das pessoas, de uma congregação, de um povo. Ele pode ser percebido nas pessoas que estão ao nosso redor, pessoas do Corpo de Cristo, da Igreja. Se você está lendo isso ao lado de alguém, ou próximo a alguém, acredite e perceba Deus na vida dessa pessoa. Mesmo que seja nas dúvidas, nas perguntas, no sentimento de tristeza.
O Senhor está em todo lugar. Olhe para o céu e veja o Senhor. Todo o firmamento, toda a Criação, a natureza, os animais, tudo proclama a glória do Senhor (Sl 19.1-4). A ardente expectativa da criação aguarda a manifestação dos filhos de Deus (Rm 8.19) – isso é real e isso mostra que a criação é consciente da existência de Deus.
“A menor célula de nosso organismo aponta para Deus, aspira conhecê-lO e descobrir o seu Criador” (Neílson Silva) Tudo em nós aponta para o Senhor. Aliás, toda a história, desde o início da Criação, aponta para uma única pessoa: Aquele que é a imagem do Deus invisível – Cristo (Cl 1.15)
O próprio ser humano e todas as civilizações durante a história sempre acreditaram, ainda que algumas fossem politeístas, em um Deus que era maior do que os outros, o Supremo, o Superior. Isso me faz acreditar nessa “consciência inconsciente” do El Elyon (Deus Altíssimo, o Forte dos fortes, Gn 14.18-20).
Mas estamos vivendo dias em que essa consciência de Deus está se esvaecendo. As pessoas perdem noção da realidade de Deus, de Seu Espírito Santo e Sua Presença. Não que a Criação tenha deixado de proclamar Deus e Sua Glória, mas o ser humano tem perdido a noção da realidade de Deus. Deus é real.
Você acredita que Deus existe e que Ele tem algo para a sua vida? Crê? Então porque vivemos, tantas vezes, como se Ele não existisse? Pecamos como se Ele não estivesse por perto, olhando, nos observando, esperando algo de nós? Isso é a perda da consciência de Deus, a perda da noção de que Ele é real, vivo e presente. Se não é a perda da consciência de Sua Existência e Presença, é banalização de Deus. Estamos banalizando Deus e o Seu relacionamento com o ser humano.
Certa vez, um adolescente apresentou uma indagação. Perguntou-me se as pessoas que não ouviram falar de Jesus vão para o inferno e se isso seria justo. Não sei responder com precisão, mas Paulo escreve no capítulo 1 de sua carta aos Romanos que o homem é indesculpável, pois mesmo que os atributos invisíveis de Deus, como Sua própria existência, Seu poder, Sua majestade, sendo claramente revelados ou reconhecidos na Criação, o homem despreza Deus, insistentemente.
Por isso, sempre, o homem pensou em uma divindade, que, mesmo havendo outras, mesmo sendo um povo politeísta, essa seria a maior. O ser humano pode não ter ouvido falar especificamente de Jesus, mas, como descrito acima, nunca a Criação deixou de proclamar o seu Criador. Deus é claramente reconhecido nas coisas que estão ao nosso redor.
Essa é a maior questão que quero apresentar aqui. O ser humano, ou aqueles que ainda não perderam, não negaram, tem noção da existência de Deus. Porque, por si só o homem sabe o que é certo e o que é errado, ele é capaz de reconhecer o bem e o mal (Rm 2.14-15). Como quando Paulo visita Atenas em Atos 17; ele percebeu que entre os deuses que os atenienses cultuavam e adoravam, havia um altar no qual estava inscrito: AO DEUS DESCONHECIDO.
O problema da Igreja, que tem pensado em Jesus, tem falado sobre Jesus, é falta de vergonha mesmo, sua prioridade não está em Deus; a Igreja tem conhecido esse Deus e tem vivido como se não o conhecesse (como um ateísmo prático, um modus vivendi - Ef 2.12, Tt 1.16). Mas no mundo, nem todos têm conhecimento de que esse DEUS DESCONHECIDO é Javé, El Elyon, Adonai, Pater, Aba. Por isso devemos ouvir e obedecer ao IDE, devemos ser solícitos, buscar a vida de Corpo, perder para que Cristo apareça na Igreja, na nossa vida. “O mundo precisa de pessoas que digam para ele que há uma esperança. E nós temos a Única Esperança” (Eduardo Ferrari em 31/mai/09).
Cristo está muito além do que nossos olhos podem ver, muito além da religião, das paredes das igrejas. Ele está nas pessoas.
Está na hora de entendermos o chamado do Senhor; está na hora de entendermos que além do IDE (Mt 28.19 e Mc 16.15), existe o VINDE (Mt 11.28). A Igreja precisa ir e pregar o evangelho, fazer discípulos, mas a Igreja também precisa aprender a receber todos aqueles que estão cansados e sobrecarregados, que estão embrulhados no pecado e acorrentados na falta de perdão, nas mágoas que a vida gera.
Antes, precisamos tirar as máscaras que a religião nos coloca, tirar a máscara da própria religião e buscar a verdade e a vida que há em Cristo. O Cristianismo não é brincadeira. “Se você está à procura de uma religião que o deixe confortável, definitivamente eu não lhe aconselharia o Cristianismo” (C. S. Lewis).
Nós não podemos ler a Bíblia porque a religião nos coloca. Nós não podemos orar por causa de um ritual ou uma tradição ou imposição de alguma liderança. Se fizermos essas coisas por causa das pessoas, é tudo engano e aparência, é tudo uma máscara, uma grande farsa. Está na hora de nos ligarmos a Deus, buscarmos intimidade com Ele, uma vida de santidade.
Precisamos ler a Palavra porque cremos que “a leitura diária da Bíblia nos leva a um patamar sobrenatural de comunhão com Jesus Cristo” (Sílvio Freitas). “A Palavra é importante porque é o próprio Jesus e é a Verdadeira Vida” (Verônica Paixão). “A Palavra do Senhor tem poder para nos sustentar e nos nutrir a cada dia e, por isso, é totalmente suficiente para o homem” (Matheus Aguiar). Precisamos voltar nossos olhos para a oração crendo que “a oração liga o nosso espírito ao Espírito de Deus” (Marcela Ribeiro). Temos que começar a crer de fato, nessas coisas.
Irmãos, não sejamos como Moisés, que ao perceber que aquele brilho de sua face estava sumindo, manteve o véu, como aparência de que ainda estava brilhando (2 Co 3.13). Um dos papeis da Igreja e, por isso, o nosso, é expressar ou representar o próprio Jesus, como Seu Corpo, nessa terra.
Como expressaremos Jesus se estivermos usando máscaras, ou mascarando a nossa falsa espiritualidade? Como seremos luz do mundo ou sal da terra se não estivermos ligados, constantemente, em Jesus (Mt 5.13-16)? Como inalaremos do Seu perfume se não estivermos Nele (2 Co 2.15)? Como brilharemos Sua Glória se estivermos vivendo uma hipocrisia (2 Co 3.18)? Todos carecemos da Glória de Deus (Rm 3.23) e hoje cabe a Igreja (pois o Noivo não encarnará novamente) revelar isso a Criação que aguarda ardentemente pela manifestação da Igreja, dos filhos de Deus, nós (Rm 8.19).

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