Jesus estava caminhando com Seus discípulos. Havia rumores no meio do povo. As pessoas se perguntavam sobre quem seria aquele homem que havia perdoado pecados do paralítico e a esse curado (Mt 9.2 e 6), curado uma mulher que há doze anos padecia de uma hemorragia (Mt 9.20-22), ressuscitado a filha de um homem (Mt 9.23-25), curado muitos enfermos (Mt 15.30) e feitos muitos outros milagres.
[...] Quem diz o povo ser o Filho do Homem? E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias ou algum dos profetas.
Mas vós, continuou Ele, quem dizeis que Eu Sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
(Mt 16.13-16)
Enquanto o povo especulava sobre quem seria o Filho do Homem, o Senhor interrogava aos Seus discípulos sobre quem eles afirmavam ser Ele. Talvez, no meio dos discípulos, essa fosse a pergunta que não queria calar: Temos visto esse homem fazer tantas coisas, fazer milagres, falar com autoridade, alimentar multidões, dar ordens ao mar e ao vento, e nós temos seguido Ele, mas Quem é esse homem?
Jesus inquiriu isso de Seus discípulos. As pessoas argumentavam, supunham, diziam que Jesus era algum dos profetas que havia voltado para anunciar o reavivamento de Israel, ou até mesmo João Batista que havia ressuscitado de entre os mortos. Poucos acreditavam que Ele fosse o Messias.
Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. (Mt 16.16)
Pedro respondeu. Ele teve coragem. Ele teve revelação. Mas não foi algo que veio dele mesmo. O Pai havia revelado a Pedro algo tão alto, tão verdadeiro, tão difícil de acreditar. Imagem caminhar ao lado do Criador, dormir na areia da praia com o Messias, comer com o Filho do Deus vivo. Como pode?
Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas Meu Pai, que está nos céus. (Mt 16.17)
Era uma revelação que não poderia vir de carne e sangue, não poderia vir de homens, pessoas dessa terra, cuja mente e visão são tão pequenas e limitadas. Teria que ser alguém diferente para perceber alguém mais diferente ainda, alguém tão especial, um homem fora do comum. Esse era Jesus – um homem especial, o maior de todos.
Deus revelou, e talvez, por aquele instante Pedro tenha entendido. “Tu és o Cristo...” O termo grego para Cristo é christos, que no hebraico é a palavra mashiach, de onde se origina Messias. Tanto Cristo quanto Messias significam “o ungido”.
Ser ungido, na cultura do Oriente Médio, implicava que a pessoa era especial. Geralmente se era ungido por algum reconhecimento especial, uma recompensa por uma vitória na guerra ou quando um líder era levantado – geralmente, o rei. Os judeus esperavam (com exceção dos judeus messiânicos, os demais ainda esperam) por um rei, ungido, que seria o maior de todos e que traria a glória de Israel de volta. Então, Pedro, ao chamar Jesus de Messias: Tu és Rei, Ungido! Tu és Aquele que todos esperavam!
Pedro também disse: “... o Filho do Deus vivo”. Essa com certeza seria uma grande loucura para os judeus. Os judeus não chamavam nem pensavam em se referir a Deus como Pai, isso poderia ser considerado blasfêmia, o que levaria a pessoa a ser morta.
Na cultura do Oriente Média, ser filho implicava que a pessoa seria dotada de características e qualidades comuns do pai. Também, o filho teria os mesmos privilégios e o mesmo poder do pai – ele seria herdeiro. Agora, dizer que alguém é filho de Deus, não poderia deixar de ser loucura. Quem teria as mesmas qualidades, as mesmas características, privilégios e poder que Deus?
Esse era um mistério e uma grande revelação vinda do alto a Pedro. Aquele homem que eles estavam seguindo, de fato, era Filho de Deus, o Rei que eles esperavam há tanto tempo. “Tu és o Rei Ungido, o Filho de Deus!”
[...] Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas Meu Pai, que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre essa pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.
(Mt 16.17-18)
A pedra em que a Igreja está edificada é a Pessoa de Cristo, é essa revelação e entendimento da Pessoa de Jesus. E nós precisamos dessa revelação. Nós, para sermos Igreja, precisamos descobrir e entender, quem é Jesus!
Não foi carne nem sangue que revelaram isso a Pedro, e tampouco entenderemos isso apenas por alguém ter-nos dito ou escrito isso. Precisamos de um agir do próprio Espírito de Deus em nosso íntimo, abrindo o nosso coração, os olhos de nosso coração para enxergarmos a “imagem do Deus invisível, o Primogênito de toda a Criação; pois, Nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio Dele e para Ele (Cl 1.15-16), inclusive a Igreja.
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