Não entre no blog nem o leia esperando lições de teologia vindas de um teólogo. Não sou teólogo. Estou mais para um maltrapilho, daqueles amados por Aba (se bem que acho que Deus ama todos os maltrapilhos, de alguma forma), cuja insistência por encontrar Deus nas diversidades da vida não se cansa e não se contunde.



Este blog é um lugar pessoal, um lugar exclusivo; não escrevo para nenhum terceiro. Escrevo para Aba e para mim. Minha contradição, minha loucura, por enquanto, que fiquem comigo; e enquanto Aba tiver prazer neste louco maltrapilho, assim quero permanecer.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A Igreja é formada por todo tipo de pessoa

Davi retirou-se dali e se refugiou na caverna de Adulão; quando ouviram isso seus irmãos e toda a casa de seu Pai, desceram ali para ter com ele. Ajuntaram-se a ele todos os homens em aperto, e todo homem endividado, e todos os amargurados de espírito, e ele se fez chefe deles; e eram com ele uns quatrocentos homens.
(1 Sm 22.1-2)

Primeiro vimos que a Igreja de Cristo é formada por pessoas. Agora digo que ela é formada por pessoas de todo tipo. Não há acepção de pessoas. Não há diferença doutrinária. Não há raça, time, língua. São pessoas diferentes, cuja vida está embasada em Cristo e Nele somente, e que foram alcançadas pela obra maravilhosa da graça, misericórdia, perdão e salvação de Deus.
Não são pessoas simplesmente perfeitas, afinal os são não precisam de médico e sim os doentes. Então espere receber pessoas cujas almas estão enfermas, pessoas que estão procurando pelo socorro de Cristo, famintas do Pão da Vida.
A história de Davi na caverna de Adulão me impacta e me faz pensar na Igreja. Fala de um momento difícil para Davi, fugindo do rei Saul. Nesse momento ele se refugia em uma caverna e lá Deus ajunta todo tipo de pessoa. Eram homens endividados, fugitivos como Davi, passando por aperto, homens amargurados em seus espíritos. Desses homens, que talvez muitos não dessem nada, Deus levantou um grande exército para Davi e seu reino.
Eu creio que a Igreja de Cristo é assim. Não há acepção de pessoas. São os piores. Aqueles que ninguém dá nada para eles. Pessoas com problemas pessoais, enfermas, angustiadas, frustradas, decepcionadas, falidas; e tem aqueles que foram bem-sucedidos no que fizeram; mas que se tornam iguais diante de Deus e Sua graça. Pessoas que reconhecem o quão miseráveis são.
É como Paulo declara em sua carta aos Romanos: “Miserável homem que sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Rm 7.24). Assim como eles reconhecem isso, também são capazes de declarar o que Paulo declara no versículo seguinte: “Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 7.25) Ou seja, sabem que tudo depende de Cristo, desde suas vidas e estruturas até o fato dos filhos de Deus se manifestarem ao mundo (Rm 8.19).
Penso na Igreja como um abrigo para pessoas imperfeitas, formada por pessoas imperfeitas que encontraram uma vida diferente em Cristo e cuja esperança está em Cristo e Nele somente, e com isso essas pessoas vão buscando e servindo as pessoas que necessitam de uma esperança, necessitam encontrar a graça, a verdade e o amor de Deus, revelados em Jesus e agora na Igreja. Por isso é preciso reconhecer, antes, sua própria miséria, para então conceder a graça que outrora fora recebida.

Ouvi, meus amados irmãos. Não escolheu Deus os que para o mundo são pobres, para serem ricos em fé e herdeiros do reino que Ele prometeu aos que O amam? (Tg 2.5)

“Não há acepção de pessoas” é algo muito forte para a Igreja hoje. Não podemos tratar as pessoas com diferença, não podemos rejeitar ninguém nem tampouco condenar alguém. Não podemos nem sequer tratá-las de qualquer forma; tanto os de fora quanto os de nossa casa ou os crentes em Cristo Jesus. Jesus não nos condena.
Parte da lei aponta e trata do tratamento que damos ao próximo. O sermão do monte e a própria vida de Jesus diz respeito ao tratamento que damos ao próximo. É sempre fonte de maior foco da parte de Deus o nosso tratar o próximo do que sermos tratados. Perdemos para o Reino de Deus ganhar. Deixamos de ganhar para que Jesus apareça.

Se vós, contudo, observais a lei régia segundo a Escritura: Amarás o teu próximo como a ti mesmo, fazeis bem; se, todavia, fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, sendo argüidos pela lei como transgressores. Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos. (Tg 2.8-10)

Se guardamos o sábado, não adoramos imagens nem as construímos, não tomamos o nome de Jeová em vão, porém tratamos os nossos irmãos sem misericórdia e com desprezo, matamos, roubamos, cometemos adultério, deixamos de honrar os nossos pais (etc.), não nos tornamos transgressores dos primeiros mandamentos que dizem respeito ao meu relacionamento com Deus?

Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a Quem não vê. (1 Jo 4.20)

Espero que você comece a entender que não basta apenas nos trancarmos em nosso quarto e lermos, orarmos e cantarmos ao Senhor no secreto, ou irmos até a congregação e sem relacionamento algum com o nosso próximo buscarmos a Deus. Existe um mistério ou uma realidade espiritual muito forte que aponta para as pessoas. Se trato o Cristo em mim com reverência, temor e amor, mas o Cristo que está no meu irmão, trato de qualquer jeito, há algo de errado!Voltemos nossos olhos para o Senhor e seremos salvos de nossa mente fechada para esses mistérios do Reino de Deus. Não há possibilidade alguma de nos aproximarmos de Deus sem sentirmos essa realidade, pois ela vem nos falar do sentimento do próprio Deus de compaixão, graça e entrega pela vida do nosso próximo. Que o Senhor nos dê a graça de entendermos isso e dessas coisas se tornarem realidades em nosso íntimo. Amém.

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