Não entre no blog nem o leia esperando lições de teologia vindas de um teólogo. Não sou teólogo. Estou mais para um maltrapilho, daqueles amados por Aba (se bem que acho que Deus ama todos os maltrapilhos, de alguma forma), cuja insistência por encontrar Deus nas diversidades da vida não se cansa e não se contunde.



Este blog é um lugar pessoal, um lugar exclusivo; não escrevo para nenhum terceiro. Escrevo para Aba e para mim. Minha contradição, minha loucura, por enquanto, que fiquem comigo; e enquanto Aba tiver prazer neste louco maltrapilho, assim quero permanecer.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Anatomia da Queda

E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás. (Gn 2.16-17)

[...] tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu. (Gn 3.6b)

Todos nós conhecemos bem a respeito do que aconteceu no jardim do Éden. Todos nós sabemos bem a respeito da tragédia que sobreveio a humanidade com a queda do homem no jardim do Éden: a perda da comunhão com Deus e da vida eterna e a expulsão do jardim. Deixe-me falar um pouco a respeito.
A comunhão de Adão com o Criador era extraordinária. Não era preciso métodos para chamar a atenção de Deus nem invocá-lo. Deus simplesmente aparecia e Se relacionava com Adão. A vontade de Deus em Adão fluía. Não era preciso que Adão ficasse perguntando para Deus o que o Ele desejava, porque o que Adão fazia e a forma como cuidava do jardim era o que Deus desejava. Os nomes que foram dados aos animais é o maior exemplo disso. Deus não ficou avaliando os nomes que Adão dera aos animais nem mudou nome algum. O que Adão falara era o que queria.
Essa comunhão foi interrompida com a desobediência e queda do homem. Creio que isso não “pegou” Deus de surpresa, como se o Senhor já estivesse pronto para isso. Segundo Gordon Lindsay, autor de “Satanás e o reino das trevas”, Deus não revelara de imediato a localização da Árvore da Vida (veja as perspectivas diferentes de Deus e do homem – Gn 2.9b e Gn 3.2-3). Parece que Deus queria ver o homem rejeitar a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal antes de lhe oferecer da Árvore da Vida.
O jardim era perfeito. A comunhão com Deus era extraordinária. Todos os dias eles podiam aprender do Criador e conhecê-lO um pouco mais. Como Adão e Eva puderam trocar tudo isso pelo conhecimento do bem e do mal? Como puderam ser tão tolos? Como puderam se deixar enganar pela serpente? Vejamos o que a narrativa bíblica nos mostra:

Mas a serpente, mais sagaz que todos os animais selváticos que o Senhor Deus tinha feito, disse à mulher: É assim que Deus disse: Não comerei de toda árvore do jardim?

Respondeu-lhe a mulher: Do fruto das árvores do jardim podemos comer, mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Dele não comereis, nem tocareis nele, para que não morrais.

Então a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal.
Vendo a mulher que a árvore era boa para se comer, agradável aos olhos e árvore desejável para dar entendimento, tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu. (Gn 3.2-6)

Como a serpente foi capaz de enganar Eva? Que isca ela usara para enganar o primeiro casal? A isca que a serpente usou foi uma perspectiva de uma existência independente de Deus e uma vida sem a necessidade constante de Deus. Foi a idéia de que o fruto lhes daria o conhecimento do bem e do mal e a chance de uma vida em que eles pudessem decidir e saber as coisas, independente de Deus.
A serpente os enganou. Ela usou a independência como isca para o primeiro casal e foi exatamente isso que eles conseguiram. A única coisa que a serpente não revelara era que para ter uma vida de independência de Deus, eles teriam que viver longe de Deus. O lado assustador da independência foi omitido pela serpente.
A ilusão da serpente apresentou a independência da forma que ela não é. De acordo com ela (a serpente), a proposta era de algo interessante e inteligente. Mas, sendo incapaz de dizer a verdade (Jo 8.44), ela omitiu algo crucial: “a independência sempre exige separação” (Ministério Todos Aos Seus Pés).
A vida de independência não foi uma boa conquista. Depois de um tempo sozinho e tomando decisões por eles mesmos, independente de Deus, veio o primeiro assassinato (Gn 4.8). Não demorou muito para que toda a humanidade, sujeitada ou não a essa vida de independência, viesse a se encontrar corrompida, com exceção de um homem: Noé (Gn 6.5 e 8-9).
A queda do primeiro casal trouxe conseqüências ruins para toda a humanidade. A desobediência trouxe a eles um mundo caído e amaldiçoado com trabalho duro, dores de parto para a mulher, relacionamentos difíceis e no final de tudo, a morte (Gn 3.16-19). A pior conseqüência foi a quebra da comunhão que eles tinham com Deus. Uma comunhão livre de qualquer afazer religioso, qualquer sacrifício. Deus simplesmente aparecia. A vontade de Deus, como dito no início, simplesmente fluía. Agora tudo chegara ao fim.
Deus desejava (e deseja) a comunhão eterna com o ser humano que Ele criou. Mas essa comunhão foi trocada por uma vida sujeita a dor, sofrimento e fim (a morte). Com o passar do tempo a religião veio fazer parte da história da humanidade e ela expressa a tentativa do homem de se esconder de Deus. Mais para frente, falaremos a respeito da religião. Mas, a questão é, definitivamente, não foi um bom negócio.

*Baseado nos escritos do livreto intitulado "Aqui e Agora! - Vivendo a Vida Ungida de Jesus uns com os Outros", do ministério Todos Aos Seus Pés.

sábado, 24 de julho de 2010

Move-me para perto de Ti


Vinde, e tornemos para o Senhor, porque Ele nos despedaçou e nos sarará; fez a ferida e a ligará. Depois de dois dias, nos revigorará; ao terceiro dia, nos levantará, e viveremos diante Dele. (Os 6.1-2)

Podemos descobrir nas Escrituras que João, o discípulo amado, se reclinara no peito de Jesus durante a Ceia. E me apegando a isso percebo que, talvez, não tivesse pessoa mais próxima de Cristo do que ele, o discípulo amado. Seu coração foi movido para perto de Cristo e agora ele estava cativado por Jesus.
Existe um lugar perto de Deus onde Ele nos quer levar. Sinto o Espírito de Deus ansiando por levar pessoas a esse lugar, o qual muitas vezes não é facilmente achado. Muitas vezes o caminho é dolorido, estreito e para passar e chegar lá há alguns arranhões. Mas não é nada que nos afaste de Deus.
Na história do povo de Deus, em um momento o Senhor levantou um profeta para expressar algo que estava no coração de Javé: “Com amor eterno Eu te amei; por isso, com benignidade, te atraí” (Jr 31.3). Saiba que Deus sente está tentando nos atrair para Si mesmo, para perto Dele.
Deus amou a humanidade e a Criação ao ponto de dar de Si mesmo, de dar o Seu único Filho para que aqueles que o recebessem e Nele cressem não perecessem, mas pudessem viver com Ele a vida eterna (Jo 3.16). E Cristo, amando a Igreja, de igual forma a amou até o fim. Ele amou os Seus até o fim.
Cristo morreu e ressuscitou para que nós pudéssemos estar perto de Deus mais uma vez, como o era no jardim. O homem vivia em comunhão, livremente, no jardim. Todos os dias eram dias de relacionamento com Deus. Não tinha nada que impedisse. Não tinha nada que afastasse o homem de Deus.
Quando o pecado apareceu e detonou com toda essa liberdade e santidade, Deus não deixou barato e proveu a solução. Desde a eternidade Deus proveu a solução. Ele deu o Seu Filho, que fez o que era necessário para a restauração. Você ainda duvida que Deus sempre tem tentado estar perto do homem e o ter perto de Si?
Ele fez isso com o Seu povo durante toda história. Tratou o Seu povo como filhos e Ele, sendo Pai, corrigia-os por amor. “É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige?” (Hb 12.7) e ainda “[...] porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe.” (Hb 12.6).
Deus trata o Seu povo como filhos, Ele nos trata como filhos. Muitas vezes precisa da dor para entender o que Ele quer. Muitas vezes precisa da dor para que nós caminhemos em direção a Ele. Deus nos move para perto de Si, muitas vezes através das perdas, da dor, do sofrimento. Por que tantas vezes as coisas são tão difíceis? Parece que não seremos felizes aqui? Nesses momentos sinto como se Deus não quisesse arriscar nos dar benção e felicidade aqui nessa terra para que nós não trocássemos uma eternidade com Ele por causa daqui.
Deus sempre tentou estar o mais perto do ser humano que Ele criara. Podemos ver na história de Deus com a humanidade. Depois do pecado Deus se tornará distante. Sua santidade pode consumir o pecador e por isso Deus não podia estar mais perto do homem, como no jardim. Homens se referiam a Deus como Deus Altíssimo, distante da humanidade.
Depois, o Deus Altíssimo passou a andar e viver entre os homens em Cristo Jesus. Deus queria estar perto da humanidade e Cristo nos mostra Deus entre os homens. Mas a busca de Deus por estar perto dos seus filhos não parou por aí. Cristo morreu e ao terceiro dia ressuscitou. Era preciso que Cristo viesse para abrir o caminho até Deus para o homem e resolver o problema do pecado para que Deus pudesse estar perto do homem, livremente, novamente. Cristo ascendeu aos céus e enviou o Espírito Santo, o Consolador.
A partir desse momento, Deus não estava mais andando entre os homens, em Cristo Jesus, mas morando dentro do homem. Agora o coração do homem passara a ser Sua morada, como se fosse Seu lugar predileto.
Não sei se você consegue perceber, mas a história do povo de Deus mostra um Deus cheio de compaixão, com anseio furioso por estar perto da humanidade. O Senhor fez de tudo para que o homem pudesse voltar a encontrar lugar Nele e fez de tudo para que Ele pudesse se aproximar do ser humano.
Quando me referi a dor e as perdas, pensei no Deus que tenta nos mover, sempre, para perto de Si. Às vezes precisamos perder coisas, perder aquilo que pode nos afastar de Sua Presença, aquilo que pode nos levar ao pecado, para sermos levados ou movidos até Ele.
O pecado não é o problema, pois Cristo já resolveu isso. O problema é o quão longe o pecado nos faz ir de Deus, pois o voltar para perto nem sempre é fácil. Temos o perdão do pecado que cometemos, confessamos e nos arrependemos, mas o caminho de volta a Sua Presença, por mais que esteja aberto, nem sempre é fácil de caminharmos nele.
Conheço a história de um casal de jovens, que namoravam. O desejo pelo pecado encontrou lugar no relacionamento deles, que aparentemente era o mais correto de todos. Quando os desejos começaram a aflorar e a coisa começou a ficar fora do controle, eles pararam por ali. Acharam melhor a separação deles e conseqüentemente do pecado, do que de Deus.
Que passo de fé esse casal tomou quando preferiu estar longe um do outro e perder o que para eles trazia alegria, para estar perto de Deus e voltar a uma vida com Ele. É como eu disse, às vezes Deus nos deixa perder coisas, pois Ele quer nos ter por perto; e com esse exemplo, percebi que Deus sempre está cuidando de nós, insistindo conosco e nos movendo para perto Dele!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Remir o tempo

Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio. (Sl 90.12)

Quero compartilhar algo que venho aprendendo do Senhor desde o dia 21 de fevereiro de 2010. Foi um dos dias mais difíceis de minha vida pessoal e com Deus, mas em meio a tudo isso eu pude perceber o Senhor, como Quem estava virando o amplificador, querendo falar comigo e me ensinar algumas coisas.
E remir o tempo é uma das coisas que venho aprendendo desde então. Quando nós nos deparamos com um relacionamento com Deus fragilizado, machucado, e com uma pessoa (a desse relacionamento) querendo que isso mude e que esse relacionamento se restaure, não podemos esquecer que para isso é necessário remir o tempo.
Uma das grandes armas de Satanás para anular os cristãos são as preocupações e obrigações do dia-a-dia. São coisas que tomam tanto do nosso tempo que nos esquecemos de Deus, de dar tempo para Ele, dar espaço para Ele e acabamos nos afastando do Senhor. Por isso é uma grande arma de Satanás encher os cristãos de preocupações e ocupações.
O cristão, afastado de Deus, se torna presa fácil para os sofismas e enganos de Satanás. Facilmente esse cristão aceitará o pensamento de que é possível viver sem ficar “dando satisfações” para Deus e isso é um perigo. A religião soa parecido quando se trata de vivermos de forma independente de Deus e ao mesmo tempo tentar conter Sua ira com atos litúrgicos e religiosos, o que lhe garanto, não funciona.
Sansão era nazireu, separado para Deus desde o nascimento. O nazireu não podia beber vinho e nenhuma bebida forte, não podia comer nada que provesse da vinha; enquanto não se cumprir o dia do seu nazireado, ele não poderá rapar a cabeça; e ele não podia tocar em morto ou nada semelhante. Tinha que ficar longe do que era impuro.
Este nazireu, Sansão, com o tempo, fez tudo o que o nazireado não permitia, tudo o que lhe era proibido ele o fez. Matou (tocou um morto), bebeu vinho e por fim rapou o cabelo. A questão é que se você ler a história de Sansão, temos a nítida impressão de que ele foi fazendo essas coisas e conforme via que nada lhe acontecia, ele foi, aos poucos, enganando-se em meio a essas coisas.
Muitas vezes é isso que Satanás faz com o cristão até anular a sua fé e assim, o anular. Ele te faz uma proposta e você aceita. Você faz e quando vê que (aparentemente) nada de ruim acontece, você se dá a liberdade de fazer novamente. Assim vai, até que uma hora você acha totalmente embrulhado no pecado, rodeado pelos seus próprios desejos e aí, a volta é difícil. O salmista disse: um abismo chama outro abismo (Sl 42.7a).
Enfim, sinto muito forte Deus querendo me ensinar, em Sua pessoalidade, a remir o tempo. Tanto resgatar o tempo, quanto saber usá-lo. “Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio” (Moisés). A sabedoria está nisso, em contar os nossos dias, em remir o nosso tempo.
O que vale para Deus é isso. Como você usa o seu tempo? Com quem você tem passado? O que você tem feito? O que você tem comigo? Aprendi com um homem de Deus, Jerônimo Oliveira sobre a importância da alimentação. A primeira decisão que o homem tinha que tomar era o que ele iria comer, disse Jerônimo.
Se você se alimenta mal, se você usa mal o seu tempo, como poderá sobreviver em meio às lutas do dia-a-dia? Se você não tem alimento, como poderá alimentar aqueles que estão famintos de Deus e Sua vida?
Uma vez conversei com uma pessoa e ela me disse que precisava voltar para Deus, precisava olhar para Ele, pois se sentia longe. Algo parecido com a história de Sansão. Há alguns momentos em que estamos baixo, como ondas, e nos sentimos distantes de Deus – parece um deserto. Nesses momentos, não adianta querer estar alto. Esses momentos são totalmente necessários para nossa caminhada cristã e crescimento e maturidade. “A luz para acender precisa do positivo e do negativo. Assim, também, o cristão, como luz precisa do positivo e do negativo” (Pr. Eduardo Ávila).
Mas essa pessoa, pude perceber (pois a conhecia muito bem) não estava em um momento daqueles em que estamos baixo, pois a pessoa estava constantemente no baixo. Quando me coloquei a olhar para o Senhor a respeito disso, tive convicção de que o que ela realmente precisava era aprender a remir seu tempo e dedicar tempo para Deus.
Sua vida estava ruim, baixa, parecia um deserto sem fim, pois não sabia usar tempo. Sempre estava ocupada com coisas que lhe agradavam. A preguiça, o cansaço ou o desânimo tomavam parte no coração dela quando ela tentava ir para Deus em oração, leitura da Palavra. Por isso é preciso uma tomada de posição: “Deus, me ajude a remir (resgatar) o meu tempo com o Senhor!”A partir dessa pessoa Deus começou a me ensinar essa lição. Remissão de tempo. Contagem de dias. “Deus, nos ajude a olhar para o Senhor durante os nossos dias, a nos voltar para o Senhor em entrega e devoção, com o coração que busca, sempre, a voz do Bom Pastor. Apenas assim poderemos alcançar coração sábio diante do Senhor, apenas assim teremos o alimento necessário para a viagem, para o ministério, para a vida cristã, para sermos Corpo de Cristo na terra, para alimentarmos os que precisam de Jesus. O nosso tempo é precioso e precisamos saber usá-lo. Ensina-nos a remir o tempo, Senhor! Amém.”

quinta-feira, 3 de junho de 2010

As duas faces do arrependimento

Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento.
(Mt 3.8)

O precursor do Messias, João Batista, pregou batismo de arrependimento. Cristo, o próprio Messias, de igual forma, proclamou arrependimento. Ambos disseram: “Arrependei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus” (Mt 3.2 e 4.17). O arrependimento é de suma importância na vida do cristão, por tudo o que ele representa no início de nossa caminhada cristã e em cada passo.
Dizer que o arrependimento tem duas faces não significa que são duas coisas opostas, algo bom e ruim ou que possui uma desvantagem. Muito pelo contrário, o caminho de arrependimento é o caminho que todo cristão deve seguir; isso porque o arrependimento é precedido pelo reconhecimento do erro, de pecado, de doença e todo esse reconhecimento, se nos levar para uma consciência da necessidade que temos de Deus, é o que precisamos.
As duas facetas do arrependimento a que me refiro, são concomitantes. Estão juntas. A primeira vem falar de deixarmos o pecado e a segunda vem nos falar de voltarmos para Deus. Nós viramos as costas para o pecado e voltamos a nossa face e os nossos olhos para Deus.
Antes de virarmos as costas para o pecado, para o que temos feito de errado e deixarmos esse caminho, precisamos reconhecer o pecado. Eva, no jardim, reconheceu que foi enganada e que comeu do fruto da árvore que Deus proibiu.
Muitos dos personagens bíblicos, em sinal de arrependimento por seus pecados ou de outrem, antes reconheceram, depois confessaram e então mudaram de rota. Eles tiraram seus olhos do pecado e voltaram para Deus.
Se você não voltar os seus olhos para Deus, você acabara pecando novamente. É o que o salmista se refere quando diz que “um abismo chama outro abismo”. Se você peca, se arrepende, mas não volta os olhos para Deus, então o pecado continuará a bater em sua porta.
Certa vez, ouvi uma adolescente dizer que “o pecado é como uma goteira incessante e a santidade é o fato de não deixar-se molhar” (Ariella Costa); é verdade. A torneira do pecado está sempre pingando, ele sempre está batendo na porta, sempre está nos rodeando. Satanás nos rodeia, querendo ver nos embrulhados no pecado, pois assim, seremos anulados e tragados por ele.
Não tem como deixarmos o pecado sem nos voltar para Deus, por isso, por pior que você se sinta quando peque, se você não voltar os olhos para Deus, tudo acontecerá novamente. Digo por experiência própria, que sem olhar para Deus, o pecado será ligeiramente atraente, o fruto parecerá saboroso e Satanás, com certeza, não irá perder a chance de nos enganar.
Irmão, por isso eu digo que há duas facetas. É preciso reconhecer o pecado, se arrepender e pedir perdão e então voltar os olhos para Deus. Quando João Batista disse para produzir frutos dignos de arrependimento, creio que ele estava se referindo ao nosso viver após o arrependimento.
Se você diz que se arrepende, mas não se volta para Deus ou não deixa a prática do pecado, então você não produziu fruto digno de arrependimento. Arrependimento não é um sentimento de culpa, remorso ou tristeza, mas é uma atitude oposta àquela que o levou a pecar, oposta ao pecado em si.


A tristeza segundo Deus produz arrependimento para a salvação, que a ninguém traz pesar; mas a tristeza do mundo produz morte. (2 Co 7.10)

A tristeza segundo Deus não é um sentimento de remorso ou culpa, mas a convicção do pecado cometido contra Deus. Se você peca contra seu irmão, você peca contra Deus. Se você peca contra seu corpo, você peca contra Deus. E essa tristeza é essa convicção; e essa convicção, quando seguida de arrependimento e confissão, produz salvação.
Irmão, às vezes é preciso doer e se humilhar ou passar vergonha para que essa salvação chegue a nós. Não fique aborrecido. É necessário e é bom. “[...] mas porque fostes contristados para arrependimento [...]” (2 Co 7.9). Essa vergonha e humilhação produzem mudança de vida, de rota ou arrependimento.
Quando Paulo discursa diante do rei Agripa, em Atos 26.20, ele diz: “mas anunciei primeiramente aos de Damasco e em Jerusalém, por toda a região da Judéia, e aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento”.
É exatamente o que quero dizer nesse texto e o que chamo de as duas faces do arrependimento. Paulo quer dizer que ele anunciou a mensagem, convocando as pessoas ao arrependimento (tirar os olhos do pecado) e se converterem a Deus (voltar os olhos para Deus) e praticarem obras dignas de arrependimento (mudança de vida necessária para que o arrependimento seja genuíno e fruto de quem tira os olhos do pecado e os coloca em Deus).
Os israelitas, sempre que se apartavam do Senhor, sofriam afrontas e eram oprimidos por seus inimigos até se arrependerem e se voltarem novamente ao Senhor. O povo voltava para o Senhor e depois novamente, voltava para o pecado. Deus sempre agiu com misericórdia. Sempre deixou o povo ser oprimido para que este se voltasse para Deus.

Filho meu, não menosprezes a correção que vem do Senhor, nem desmaies quando por Ele és reprovado; porque o Senhor corrige a quem ama e açoita a todo filho a quem recebe. É para disciplina que perseverais (Deus vos trata como filhos); pois que filho há que o pai não corrige? (Hb 12.5b-7)


O arrependimento é atitudes que nos aproxima do Senhor; voltemos nossos olhos para o Senhor e veremos a Sua infinita misericórdia. Veremos que Ele sempre nos recebe; Ele sempre está de braços abertos para nós e isso Ele declarou na cruz, à toda humanidade, que Seus estavam abertos para receber qualquer pessoa (a prostituta, o ladrão, o assassino, o pedófilo, o bêbado, o viciado em drogas ou pornografia).
Graças a Deus porque Ele sempre insiste conosco e nos trata e nos corrige e sempre nos atrai para Si. O Senhor é bom e Ele é Abba amoroso e cheio de compaixão.